Dólar ganha força na abertura dos mercados após EUA entrarem em conflito contra Irã

Início das negociações na Ásia e na Oceania indica movimento de busca por ativos mais seguros por parte de investidores, com alta também do ouro e do preço do petróleo

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Bloomberg — O dólar se fortaleceu nas negociações iniciais nos mercados asiáticos na manhã de segunda-feira (23) no Oriente, à medida que investidores buscam refúgios para se proteger dos crescentes riscos geopolíticos após os ataques dos EUA ao Irã.

A moeda americana foi cotada em alta frente ao euro, ao franco suíço e à maioria das principais moedas estrangeiras com a abertura dos mercados da semana em Sydney, na Austrália.

Os traders estão prevendo uma queda nas ações e um salto nos preços do petróleo e do ouro, já que os bombardeios aumentam a demanda por segurança e geram apreensão sobre o fornecimento de energia.

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“Esse ambiente de risco elevado levará os investidores a buscar ativos considerados refúgios seguros”, disse Ahmad Assiri, estrategista de mercado da Pepperstone.

Como outro sinal inicial de aversão ao risco, o valor do bitcoin caiu abaixo de US$ 100.000 pela primeira vez desde maio, e o ether também recuou fortemente, com queda de 10% e criptomoedas com perdas generalizadas.

Dólar sobe frente ao euro

A reação do mercado tem sido, em geral, contida desde o ataque inicial de Israel ao Irã no início deste mês: mesmo após duas semanas de queda, o S&P 500 está apenas cerca de 3% abaixo de sua máxima histórica de fevereiro.

E um índice da Bloomberg que acompanha o desempenho do dólar subiu menos de 1% desde o ataque de 13 de junho.

Isso ocorre principalmente porque os investidores esperavam que o conflito permanecesse localizado, sem impacto mais amplo na economia global.

Mas, segundo analistas, os movimentos tendem a se intensificar caso o Irã responda aos últimos acontecimentos com ações como o bloqueio do Estreito de Ormuz — uma passagem-chave para o transporte de petróleo e gás — ou ataques a forças americanas na região.

“Tudo depende de como o conflito se desenrola, e as coisas parecem mudar de hora em hora”, disse Evgenia Molotova, gestora sênior de investimentos da Pictet Asset Management.

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“A única forma de levarem isso realmente a sério é se o Estreito de Ormuz for bloqueado, porque isso afetaria o acesso [do mundo] ao petróleo.”

O Irã prometeu impor “consequências eternas” pelo bombardeio e afirmou que reserva “todas as opções” para defender sua soberania.

“Isso marca um ponto de inflexão para os mercados”, disse Charu Chanana, estrategista-chefe de investimentos da Saxo Markets em Cingapura. “A questão é se os ativos americanos ainda conseguem manter um prêmio de segurança.”

Ainda assim, a tendência de queda provavelmente será limitada, porque alguns participantes do mercado já vinham se preparando para um agravamento do conflito.

O índice MSCI All Country World recuou 1,5% desde o ataque de Israel ao Irã em 13 de junho.

Gestores de fundos reduziram suas posições em ações, os papéis deixaram de estar sobrecomprados, e a demanda por proteção aumentou — o que significa que uma liquidação em massa mais profunda é menos provável nesses níveis.

-- Em atualização.