Cinco coisas que você precisa saber para começar esta quarta-feira, 8 de maio

Investidores ficam de olho na decisão sobre a Selic no Brasil, ao mesmo tempo em que monitoram efeitos das enchentes do Rio Grande do Sul na economia

Roberto Campos Neto
08 de Maio, 2024 | 08:24 AM

Bloomberg Línea — Os investidores aguardam nesta quarta-feira (8) a decisão sobre a taxa Selic no Brasil, com os economistas consultados pela Bloomberg News acreditando que o ritmo de corte dos juros deva ser reduzido.

As enchentes no Rio Grande do Sul também preocupam o mercado. Na segunda-feira (6), os contratos de juros futuros voltaram a subir, com o receio do impacto das chuvas. O temor é de que as enchentes afetem a produção agrícola e elevem os preços dos alimentos, além de piorar o cenário fiscal, dado o gasto com ajuda federal ao estado.

O governo fornecerá crédito barato e auxílio financeiro para ajudar a reconstruir casas e empresas perdidas devido a inundações recordes no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que manterá “controle e transparência” sobre esses gastos, segundo a Ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed) em Minneapolis, Neel Kashkari, disse que os dados recentes de inflação nos Estados Unidos colocam em dúvida se a política monetária está suficientemente restritiva para trazer a alta de preços de volta à meta de 2%.

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Confira a seguir cinco destaques desta quarta-feira (8):

1. O rumo da Selic

O Banco Central deverá desacelerar o ritmo de corte da taxa Selic para 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (8), após seis cortes consecutivos de 0,50pp, segundo a maioria dos analistas consultados pela Bloomberg.

O cenário do Copom mudou para pior, dizem os economistas, com um pano de fundo externo mais adverso pelo adiamento das apostas em corte de juros nos EUA – o que chegou a levar o dólar para acima de R$ 5,20 nas últimas semanas. Além disso, as expectativas de inflação subiram na esteira da revisão da meta fiscal.

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Entre os 28 analistas consultados, 19 esperam redução de juro de apenas 0,25pp, para 10,50%, contra nove que preveem que o BC cortará a Selic em 0,50pp, respeitando o chamado “forward guidance”, a sinalização futura do Copom, dado na reunião de março.

2. Juros nos EUA

Kashkari, do Fed, destacou na terça-feira (7) a inflação imobiliária persistente como um possível indício de que a taxa de juros neutra, aquela que não restringe nem estimula a economia, pode ser mais elevada no curto prazo.

Isso pode significar que o Fed tem mais trabalho a fazer para esfriar a inflação, escreveu Kashkari em um artigo publicado no site da autoridade monetária. “É claro que os meus colegas e eu estamos muito satisfeitos com o fato de o mercado de trabalho ter se mostrado resiliente, mas, com a inflação andando de lado no trimestre mais recente, surgem questões sobre o quão restritiva a política monetária realmente está”, escreveu Kashkari.

“Dado que a habitação é um canal fundamental por meio do qual a política monetária afeta a economia, sua resiliência levanta questões sobre se as autoridades e o mercado estão interpretando mal a neutralidade, pelo menos no curto prazo”, disse ele.

Kashkari disse que elevou sua previsão de taxa neutra de longo prazo de 2% para 2,5%. Alguns de seus colegas do comitê de política monetária do Fed, o Fomc, também aumentaram suas estimativas, com a previsão mediana da taxa básica de longo prazo subindo de 2,5% para 2,6% nas últimas projeções trimestrais divulgadas em março.

3. Mercados

As ações europeias subiram para um novo recorde, enquanto uma série de balanços corporativos sólidos forneceram evidências de que a recuperação dos lucros está se espalhando para uma faixa mais ampla da economia.

As ações globais tiveram uma recuperação até agora em maio, impulsionadas por perspectivas de cortes de taxas pelo Fed e lucros acima do esperado, embora o ritmo de avanço esteja desacelerando.

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As ações europeias já subiram 2% neste mês, sendo impulsionadas pelos lucros das empresas e pelas expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) começará a cortar as taxas a partir de junho. O índice FTSE 100 também atingiu um novo recorde.

Na Ásia, o foco recaiu sobre a viagem do presidente Xi Jinping à Europa e em como as relações comerciais irão se desenvolver.

Em outro sinal de tensões geopolíticas entre a China e o Ocidente, os Estados Unidos revogaram licenças que permitiam à Huawei Technologies comprar semicondutores da Qualcomm e da Intel, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.

4. Manchetes dos principais jornais

Estado de S. Paulo: Simone Tebet quer entregar plano para desvincular benefícios da Previdência do salário mínimo até 2025

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Folha de S. Paulo: Com 80% do estado afetado pelas chuvas, RS tem fuga em massa de Porto Alegre em busca de água

O Globo: Calamidade no RS: sistema para conter águas falhou em Porto Alegre; entenda o que aconteceu

Valor Econômico: Tragédia no Rio Grande do Sul mobiliza bancos e BC

5. Agenda

Brasil:

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  • 9h: Vendas no Varejo;
  • 10h: Produção e Vendas de Veículos;
  • 14h30: Fluxo Cambial Estrangeiro;
  • 15h: Balança Comercial;
  • 18h: Decisão sobre a taxa Selic;

Estados Unidos:

  • 11h30: Estoques de Petróleo Bruto;
  • 11h30: Estoques de Petróleo em Cushing;
  • 14h: Leilão Americano Note a 10 anos;

-- Com informações da Bloomberg News.

Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.