Bancos veem alta de 60% em ofertas de ações e primeiro IPO na B3 desde 2021

Para o Bank of America, empresas de setores como infraestrutura, varejo, tecnologia e imobiliário estão entre candidatas a acessar o mercado ao longo do ano

bolsa brasileira B3
Por Vinícius Andrade - Cristiane Lucchesi
10 de Janeiro, 2024 | 03:08 PM

Bloomberg — O mais longo hiato nas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) brasileiras em ao menos duas décadas pode chegar ao fim já no segundo trimestre do ano, de acordo com bancos de investimento.

Após uma seca de mais de dois anos, bancos incluindo Bank of America (BAC) e Morgan Stanley (MS) esperam uma aceleração da atividade em meio a sinais de que o Federal Reserve já encerrou seu ciclo de aperto monetário e com a expectativa de que o Banco Central dará sequência aos cortes da Selic.

Companhias de setores como infraestrutura, varejo, tecnologia e imobiliário estão entre as candidatas a acessar o mercado ao longo de 2024, segundo o BofA.

As transações fariam parte de uma recuperação global há muito esperada em IPOs e ofertas subsequentes que têm passado por um período de estagnação em meio a um rearranjo dos juros nos Estados Unidos, que reduziu o apetite dos investidores por ações.

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O Brasil se destaca entre pares emergentes e pode se beneficiar de algum alívio nos rendimentos do Tesouro americano, segundo Fábio Nazari, sócio e chefe de renda variável do BTG Pactual (BPAC11).

“As condições estão no melhor momento dos últimos três anos” para empresas que se preparam para uma listagem, disse Nazari, em entrevista.

O BTG, que ficou no topo do ranking da Bloomberg de volume de ofertas de ações brasileiras no ano passado, vê espaço para as vendas crescerem até 60% em relação aos R$ 40 bilhões registrados no ano passado.

Não houve nenhum IPO no país desde que a fabricante de fertilizantes Vittia (VITT3) estreou na bolsa em setembro de 2021, enquanto a listagem do Nubank nos EUA em dezembro do mesmo ano marcou a última oferta inicial de uma empresa brasileira.

As ofertas de ações brasileiras caíram 34% para R$ 39,6 bilhões em 2023, marcando um ano difícil para receitas de banco de investimento. Além do estresse no mercado de juros americano, os fundos multimercados e de ações domésticos continuaram a enfrentar resgates expressivos, limitando a demanda por novos papéis.

À medida que os juros caem no Brasil, mais investidores serão atraídos para ativos considerados mais arriscados, como ações, disse Marcello Lo Re, responsável pela área de mercado de capitais de renda variável na América Latina do Morgan Stanley.

A 2W Ecobank disse em setembro que havia contratado bancos para uma transação potencial, enquanto a Sigma Lithium disse que poderia listar sua subsidiária brasileira na Nasdaq ou em Singapura. A Sabesp (SBSP3) já escolheu bancos para coordenar uma oferta adicional que pode ser a maior venda de ações do ano no país.

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Os riscos para o cenário incluem uma desaceleração mais acentuada do que a esperada nos EUA e qualquer demora nos cortes de juros do Fed, dizem os executivos. Por ora, eles contam com uma recuperação gradual no mercado de ações que seria liderada por ofertas subsequentes e negociações em bloco.

“Um mundo com inflação sob controle, juros em queda e um crescimento econômico menor – mas previsível –, é um mundo mais confiável”, disse Bruno Saraiva, co-chefe de banco de investimento do Bank of America no Brasil. “Estamos construtivos com o cenário que se desenha pela frente.”

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