Ações globais sobem com possibilidade de acordo comercial entre EUA e Reino Unido

“Nem o Fed sabe exatamente onde as tarifas vão parar”, disse William Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, à Bloomberg Television

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Bloomberg — As ações globais operam em alta nesta quinta-feira (8) após o presidente Donald Trump revelar planos de anunciar um acordo comercial ‘importante’, o que elevou o otimismo de que os EUA estão avançando nas negociações.

O índice europeu Stoxx 600 subiu 0,2% e os contratos futuros do S&P 500 avançaram 0,7% depois que Trump insinuou o anúncio em uma publicação na Truth Social, sem identificar o país envolvido.

Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, os EUA devem anunciar um acordo com o Reino Unido.

O índice FTSE 100 de Londres teve leve alta. O bitcoin disparou 2,7%, para US$ 99.413 à medida que o apetite por ativos de risco melhorou. O dólar e os rendimentos dos títulos do Tesouro americano também subiram.

“Os detalhes do acordo serão cruciais, pois podem servir de modelo para negociações com outros países”, disse Rajeev De Mello, gestor global de portfólio macro da Gama Asset Management.

“É positivo para os mercados acionários do Reino Unido, para a libra esterlina e, possivelmente, para outros aliados próximos dos EUA.”

A turbulência nos mercados diminuiu significativamente desde as primeiras semanas de abril, em parte graças às concessões comerciais de Trump, mas também após uma série de dados econômicos dos EUA que reforçaram o sentimento dos investidores.

Um dos principais focos agora é o desfecho das negociações com a China neste fim de semana, na Suíça, depois que o presidente americano impôs tarifas superiores a 100% sobre importações chinesas, e Pequim retaliou com medidas similares.

Em sua postagem nas redes sociais, Trump afirmou que o acordo será com representantes de um “grande e altamente respeitado” país. “O primeiro de muitos”, escreveu ele. A libra chegou a se valorizar, mas depois devolveu os ganhos.

O estrategista macro da Bloomberg, Mark Cudmore, comentou:

Um acordo entre EUA e Reino Unido não ajudará os investidores a prever o rumo das negociações tarifárias mais amplas. Na verdade, a lição pode ser negativa, ao evidenciar quanto tempo esses acordos demoram, o que decepciona um mercado que aposta em uma rápida melhora nas condições comerciais dos EUA. Portanto, essa é uma vitória apenas para o Reino Unido, enquanto continuamos esperando os primeiros sinais de sucesso da tática agressiva de tarifas de Trump, o que deverá frustrar os investidores em ações americanas.

Na frente da política monetária, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, minimizou preocupações sobre a economia dos EUA, embora tenha alertado que os riscos de aumento do desemprego e da inflação também cresceram. O Fed manteve as taxas de juros inalteradas na quarta-feira.

“Nem o Fed sabe exatamente onde as tarifas vão parar, nem quais serão as consequências para o crescimento e a inflação quando elas se concretizarem”, disse William Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, à Bloomberg Television.

“Não se trata apenas do cenário central, mas também de gerenciamento de riscos. A ideia é não tomar a decisão errada para que você possa reagir de forma eficaz à medida que os eventos se desenvolvem.”

No Reino Unido, o Banco da Inglaterra deve cortar os juros em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira e pode sinalizar outro corte em junho — o que colocaria a instituição no caminho para sua primeira sequência de reduções desde 2009, em meio ao impacto da guerra comercial sobre as perspectivas de crescimento.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de quinta-feira (08 de maio):

- Toyota vê impacto bilionário de tarifas. A montadora japonesa estima um impacto de ¥ 180 bilhões (US$ 1,3 bilhão) no lucro operacional em apenas dois meses devido às tarifas. A projeção de lucro para o ano fiscal encerrado em março de 2026 ficou em ¥ 3,8 trilhões, abaixo da expectativa.

- Megaprojeto de lítio na África. A KoBold firmou um acordo preliminar com a AVZ Minerals para desenvolver de um dos maiores depósitos de lítio em rocha dura do mundo, localizado na República Democrática do Congo. A empresa é apoiada pelos bilionários Bill Gates e Jeff Bezos.

- Rali do bitcoin. O moeda digital se aproximou da marca de US$ 100 mil pela primeira vez desde fevereiro, com a expectativa de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anuncie um acordo comercial com o Reino Unido. O bitcoin subiu 2,9%, negociado a US$ 99.621. O ether disparou até 8%.

🔘 As bolsas ontem (07/05): Dow Jones Industrials (+0,70%), S&P 500 (+0,43%), Nasdaq Composite (+0,27%), Stoxx 600 (-0,54%), Ibovespa (-0,09%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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