Ações globais recuam após alertas de Wall Street sobre correção nos mercados

Executivos do Morgan Stanley e Goldman Sachs apontam excesso de otimismo e sugerem um ‘ajuste saudável’ nas ações

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Bloomberg — As ações globais operam em queda nesta terça-feira (4) após resultados fracos da Palantir e alertas de executivos de Wall Street sobre uma possível correção nos mercados.

Os contratos futuros do S&P 500 caíram 1,1% após o índice de referência dos EUA registrar um ganho modesto na segunda-feira, mesmo com mais de 300 de suas ações em queda.

Os futuros do Nasdaq 100 recuaram 1,4%, com as ações da Palantir caindo mais de 4% nas negociações estendidas.

As ações europeias caíram 1,2%. As bolsas asiáticas também recuaram, com o índice de empresas de tecnologia caminhando para sua maior queda desde setembro.

O dólar permaneceu estável, próximo ao seu nível mais alto desde agosto, à medida que autoridades do Federal Reserve emitiram sinais mistos sobre o rumo das taxas de juros.

Ted Pick, do Morgan Stanley, e David Solomon, do Goldman Sachs Group, estavam entre os executivos de Wall Street que, durante uma cúpula em Hong Kong, alertaram que os mercados podem estar prestes a uma grande correção.

O alerta ocorre em meio à crescente preocupação dos investidores com os preços das ações, após o S&P 500 subir mais de 40% desde as mínimas de abril, impulsionado pelo rali frenético das gigantes de tecnologia ligadas ao boom da IA.

“Os lucros corporativos são fortes, mas o que é desafiador são as avaliações”, disse Mike Gitlin, presidente e CEO do gestor de investimentos Capital Group, na terça-feira, durante uma conferência financeira organizada pela Autoridade Monetária de Hong Kong.

A Palantir não conseguiu impressionar, mesmo após elevar sua projeção anual de receita para US$ 4,4 bilhões e superar as estimativas de vendas do terceiro trimestre.

Os investidores elevaram as ações da empresa em mais de 150% neste ano, com fechamento recorde na segunda-feira a US$ 207,18. A companhia apresentava uma relação preço/vendas de 85 na sexta-feira — a mais alta do índice S&P 500.

“Com a Palantir, houve muito do movimento de ‘vender com a notícia’, especialmente em ações que já haviam superado antes dos resultados”, disse Karen Georges, gestora de fundos da Ecofi Investissements, em Paris. “Quando as avaliações estão muito altas, não é surpreendente ver reações fortes no mercado.”

O que dizem os estrategistas da Bloomberg...

Os investidores parecem precisar de novos sinais para restaurar a confiança no mercado de alta, que começou a enfraquecer na semana passada. Eles estão preocupados com a concentração da liderança do mercado: mesmo uma pequena oscilação nas gigantes de crescimento ou um choque macro inesperado pode provocar fortes quedas.— Mark Cranfield, estrategista da MLIV.

Em outros mercados, o ouro caiu pela terceira sessão consecutiva. Os títulos do Tesouro dos EUA se recuperaram, enquanto o petróleo recuou com o mercado avaliando a decisão da Opep+ de pausar os aumentos de produção. O iene se fortaleceu depois que o ministro das Finanças do Japão voltou a emitir alertas verbais sobre os movimentos cambiais.

O sentimento negativo na terça-feira também foi influenciado pela crescente incerteza sobre a política do Federal Reserve.

Vários dirigentes do banco central dos EUA expressaram visões diferentes na segunda-feira. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse estar mais preocupado com a inflação do que com o mercado de trabalho.

Mais cedo, a diretora Lisa Cook afirmou ver o risco de enfraquecimento do mercado de trabalho como maior do que a probabilidade de aceleração da inflação.

Suas observações ecoaram as de outros colegas que também se mostraram não comprometidos sobre a possibilidade de o banco central realizar um terceiro corte consecutivo de juros quando o comitê se reunir em dezembro.

Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco, disse que as autoridades devem “manter a mente aberta” quanto a um corte em dezembro. O diretor Stephen Miran observou que a política monetária continua restritiva.

“Com os dados dos EUA mostrando enfraquecimento e os dirigentes do Fed mantendo opções em aberto, os investidores estão reavaliando suas posições em vez de correrem riscos”, disse Billy Leung, estrategista de investimentos da Global X Management.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de terça-feira (04 de novembro):

- Reajuste no horizonte. Os CEOs do Morgan Stanley, Goldman Sachs, Citadel e Capital Group alertaram que o mercado de ações pode cair de 10% a 15% nos próximos 12 a 24 meses, diante de avaliações elevados. Apesar de lucros corporativos sólidos, eles veem uma correção como parte natural e até saudável do ciclo das ações.

- Tesla reforça presença na Índia. A montadora se prepara para nomear Sharad Agarwal, ex-chefe da Lamborghini India, como novo diretor nacional no país, segundo fontes que falaram à Bloomberg News. A Tesla busca reverter o início tímido no país, que enfrenta tarifas altas e baixa adoção de veículos elétricos.

- Starbuck’s altera rota na China. A rede de cafeterias vendeu uma participação de até 60% em sua unidade na China para a gestora Boyu Capital por US$ 4 bilhões. A empresa manterá 40% do negócio e continuará licenciando sua marca e propriedade intelectual. A operação avalia o braço de varejo chinês da Starbucks em mais de US$ 13 bilhões.

🔘 As bolsas ontem (03/11): Dow Jones Industrials (-0,48%), S&P 500 (+0,17%), Nasdaq Composite (+0,46%), Stoxx 600 (+0,07%), Ibovespa (+0,61%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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