Ações globais caem com temores sobre crédito nos EUA; ouro ultrapassa os US$ 4.350

O recuo das bolsas reflete a combinação de fatores que reacende o nervosismo em Wall Street: dúvidas sobre a saúde dos bancos regionais americanos, o impasse fiscal em Washington e as tensões comerciais com Pequim

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Bloomberg — As ações globais operavam em queda nesta sexta-feira (17), diante dos temores com o mercado de crédito americano, o aumento das tensões entre EUA e China, a possibilidade de uma bolha de IA e o impasse orçamentário em Washington.

Títulos e moedas consideradas seguras foram os principais beneficiados pela busca por proteção.

O S&P 500 caminha para o segundo dia de queda, com futuros do índice recuando 1% após novas perdas dos bancos no pré-mercado.

As ações do Bank of America, Citigroup, Morgan Stanley e Wells Fargo caíam mais de 1,5%, enquanto o Deutsche Bank recuava mais de 6% em Frankfurt.

O índice de volatilidade Cboe (VIX) atingiu o maior nível desde abril, quando o presidente Donald Trump abalou os mercados com sua política tarifária.

Medidas de risco do mercado de crédito europeu também subiram, com o índice de credit default swaps (CDS) de bancos avançando até 3,2 pontos-base — o maior movimento em quase um mês.

Os Treasuries dos EUA ampliaram os ganhos de quinta-feira, com os rendimentos dos papéis de 10 anos caindo para 3,96%. O ouro oscilou, enquanto o iene e o franco suíço lideraram os ganhos frente ao dólar.

Os movimentos refletem preocupações crescentes com o mercado de crédito americano e o aumento das tensões entre EUA e China, somadas a temores sobre uma possível bolha de IA e o impasse orçamentário em Washington.

“Esses são sintomas típicos de fim de ciclo, com sinais de complacência nos padrões de crédito”, disse Raphael Thuin, da Tikehau Capital.

Com o colapso da fornecedora de autopeças First Brands, o pessimismo cresceu no setor financeiro: o interesse em posições vendidas no ETF SPDR S&P Regional Banking saltou de 18,4% para 30% das ações em circulação desde 8 de outubro.

Na Europa, títulos de bancos como JPMorgan e Barclays recuaram até 0,5%, suas maiores quedas em semanas.

Alguns analistas, porém, consideram a reação exagerada. “Isso está longe de lembrar 2007”, afirmou Jerome Legras, da Axiom Alternatives Investments.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de sexta-feira (17 de outubro):

- Patria mira LatAm. Uma das maiores gestoras de ativos alternativos da América Latina captou US$ 2,9 bilhões para financiar projetos na região. O montante, que já tem dois terços investidos, apoia iniciativas em energia solar, mobilidade elétrica, saneamento e data centers.

- Fertilidade nos EUA. Donald Trump anunciou um acordo com a alemã Merck para reduzir o preço de medicamentos de fertilidade em troca de alívio tarifário e maior produção nos EUA. Os tratamentos terão desconto de até 84%, e irão reduzir cerca de US$ 2.000 por ciclo de fertilização in vitro.

- Nintendo amplia produção. A multinacional japonesa solicitou aos fornecedores que produzam até 25 milhões de unidades do Switch 2 até março de 2026, diante da maior expectativa de vendas. O novo console, lançado a US$ 450, já supera o desempenho do Switch original nos EUA e pode vender 20 milhões de unidades neste ano fiscal.

🔘 As bolsas ontem (16/10): Dow Jones Industrials (-0,65%), S&P 500 (-0,63%), Nasdaq Composite (-0,47%), Stoxx 600 (+0,69%), Ibovespa (-0,28%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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