Bloomberg — O Real Madrid está disposto a permitir que um investidor externo assuma uma participação no clube, uma medida que ajudaria o gigante do futebol espanhol a compreender melhor como os outros o avaliam financeiramente, disse o presidente Florentino Pérez no domingo (23).
O clube de futebol mais bem-sucedido da Europa, apelidado de Los Blancos por causa dos uniformes brancos que os jogadores usam, criará uma nova unidade para abrigar “uma participação minoritária de 5%, ou algo parecido, para saber qual é o valuation do clube”, disse Pérez durante a assembleia geral anual do clube.
“Essa é a maneira mais clara e convincente de fazer isso”, disse ele, acrescentando que a alternativa seria abrir o capital, o que o clube não deseja fazer.
A venda de uma participação ocorreria em conjunto com os planos de conversão de sócios em acionistas, conforme proposto por Pérez há um ano.
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Diferentemente da maioria dos grandes clubes europeus, o Real Madrid - e o arquirrival Barcelona - opera como uma organização sem fins lucrativos de propriedade de milhares de torcedores que pagam as mensalidades. Essa estrutura impede que investidores privados adquiram participações, já que os membros não possuem ações negociáveis.
O clube realizará uma reunião extraordinária para votar as mudanças.
Transformar os torcedores em acionistas permitiria que eles se tornassem “os verdadeiros donos do clube”, disse Pérez em 2024, acrescentando que essa medida poderia distribuir entre eles um ativo de mais de € 10 bilhões (US$ 11,5 bilhões).
A possível entrada de investidores externos ocorreria em meio a um boom nas finanças esportivas, já que os gestores de ativos estão cada vez mais voltados para o setor do futebol.
No início deste mês, o Atlético de Madrid, rival do Real Madrid na cidade, vendeu uma participação majoritária para a Apollo Global Management, em um negócio que avaliou o clube em 2,2 bilhões de euros.
Outras empresas de private equity também têm investido dinheiro em ligas e times de futebol. Na Espanha, a CVC Capital Partners fechou um acordo em 2021 para injetar fundos na LaLiga, a primeira divisão do país, em troca de uma parte dos direitos de transmissão. O Real Madrid e o Barcelona se opuseram a esse acordo.
O Real Madrid conquistou um recorde de 15 títulos da Liga dos Campeões e fortaleceu seu domínio no futebol europeu sob o comando de Pérez, que dirige o clube desde 2009 e anteriormente foi presidente de 2000 a 2006.
Bilionário e presidente da gigante da construção Actividades de Construccion y Servicios SA, Pérez não possui nenhuma participação financeira no Real Madrid e não contribui com seu próprio capital. Eleito pelos sócios, ele supervisiona um clube que depende exclusivamente da receita que gera.
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