Bloomberg — O diretor (governor) do Federal Reserve Christopher Waller está despontando como um dos principais candidatos à presidência do banco central entre os assessores do presidente Donald Trump, que buscam um substituto para Jerome Powell, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.
Os assessores de Trump estão impressionados com a disposição de Waller de adotar políticas baseadas em previsões, em vez de dados atuais, e com seu profundo conhecimento do sistema do Fed como um todo, disseram as pessoas.
Waller já se reuniu com a equipe do presidente sobre a função, mas ainda não se encontrou com o próprio Trump, disseram as pessoas sob condição de anonimato para discutir deliberações privadas.
Kevin Warsh, ex-funcionário do Fed, e Kevin Hassett, atualmente diretor do Conselho Econômico Nacional de Trump, também continuam na disputa pelo cargo, disseram as pessoas - a posição será aberta quando o mandato de Powell como presidente expirar em maio de 2026.
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“O presidente Trump continuará a nomear os indivíduos mais competentes e experientes”, disse o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, em um comunicado. “Entretanto, a menos que venha do próprio presidente Trump, qualquer discussão sobre decisões pessoais deve ser considerada pura especulação.”
Um representante do Fed não quis comentar.
“Acho que o governor Waller construiu um histórico realmente impressionante nos últimos dois anos no Fed com suas previsões sobre a inflação e com suas previsões sobre para onde a política do Fed precisava se mover para responder a essa inflação”, disse Stephen Miran, que preside o Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, em uma entrevista à Bloomberg Television na quinta-feira (7).
Trump disse na quarta-feira (6) que o governo reduziu a lista de candidatos a presidente do Fed para três pessoas.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, o vice-presidente JD Vance e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, fazem parte do comitê de busca, disse Trump.
Hassett se reuniu com Trump para discutir o cargo de presidente e também impressionou tanto o presidente quanto a equipe, informou a Bloomberg News.
Warsh foi entrevistado para o cargo em 2017, mas acabou sendo preterido por Powell. Em novembro, ele também foi cogitado para ocupar o cargo de secretário do Tesouro.
A busca por um novo presidente do Fed ocorre simultaneamente com as negociações para preencher uma vaga que será aberta em breve com a saída antecipada de Adriana Kugler do conselho do Fed.
Trump disse que planejava preencher essa vaga com um diretor temporário, que ficaria no cargo por apenas alguns meses.
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Posteriormente, ele nomeará um candidato para o mandato de 14 anos de governor do Fed que será aberto no início de 2026.
É provável que Trump nomeie para esse cargo alguém que tenha declarado preferência por taxas de juros mais baixas, como ele próprio já sinalizou em ocasiões anteriores.
A discordância de Waller
Na semana passada, Waller foi um dos dois membros do FOMC do Fed a votar contra a decisão do banco central de manter sua taxa básica de juros estável pela quinta vez consecutiva.
Ele e sua colega Michelle Bowman, ambos indicados por Trump, preferiram uma redução de um quarto de ponto, citando os sinais crescentes de fraqueza do mercado de trabalho. Mas foram votos vencidos.
Dois dias depois que o Fed anunciou sua decisão, o relatório de empregos - o payroll de julho - mostrou que o crescimento do emprego nos EUA diminuiu drasticamente nos três meses anteriores, de maio a julho, o que deu crédito à discordância de Waller e Bowman.
As visões de Waller diferem das de Powell e de outros formuladores de política monetária do conselho, que até agora descreveram o mercado de trabalho como amplamente sólido e apoiaram uma abordagem paciente para ajustar as taxas, de modo que o banco central possa continuar a avaliar como as tarifas de Trump afetarão a economia.
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Essa visão frustrou o presidente Trump, que repetidamente atacou - e tem atacado - Powell por não cortar as taxas mais cedo.
Waller, economista com Ph.D., atraiu a atenção dos assessores econômicos de Trump no ano passado, quando o presidente falou sobre a economia durante a campanha.
Experiência no Fed
Trump nomeou Waller para o Fed em 2020 em seu primeiro mandato na Casa Branca.
Antes disso, ele atuou como diretor de pesquisa e vice-presidente executivo do Fed de St. Louis. Em 2020, os senadores votaram de forma apertada, com 48 a favor e 47 contra a indicação de Waller para a diretoria do Fed.
Como governor - diretor - do Fed em 2022, Waller se envolveu em um debate público com economistas influentes fora do Fed, incluindo o ex-secretário do Tesouro Larry Summers, com seu argumento de que o banco central poderia reduzir com sucesso a inflação pós-pandemia sem aumentar significativamente o desemprego.
No final, Waller provou de certa forma estar com a razão, pois a inflação voltou a ficar abaixo de 3% e o desemprego nunca passou de 4,2%.
A insatisfação de Trump com Powell gerou dúvidas sobre se sua próxima escolha para liderar o Fed apoiaria a independência da política monetária do banco central. Waller disse em abril que a independência do Fed é “fundamental para o bom funcionamento da economia dos EUA”.
Ele observou que os mercados, os observadores do Fed e os consumidores criticam o presidente.
“Se você não gosta de ser criticado, não aceite o cargo”, disse Waller. “O presidente é livre para dizer o que quiser sobre política [monetária], assim como qualquer outra pessoa.”
No mês passado, Waller disse à Bloomberg Television que ainda não tinha recebido nenhuma resposta ou contato direto de Trump sobre o cargo de presidente do Fed.
“Se o presidente entrasse em contato comigo e dissesse: ‘Quero que o senhor ocupe o cargo’, eu o faria”, disse ele em julho. “Mas ele não entrou em contato comigo.”
-- Com a colaboração de Annmarie Hordern, Christopher Condon, Hadriana Lowenkron, Reade Pickert e Joe Mathieu.
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