Bloomberg — A economia global ainda está a caminho de sofrer um golpe substancial com as medidas comerciais de Donald Trump, apesar de ter demonstrado uma resistência maior do que a esperada nos últimos meses, disse a OCDE.
Em novas previsões publicadas nesta terça-feira (23), a organização sediada em Paris elevou sua perspectiva para 2025 em relação ao crescimento mundial e à maioria das economias individuais, e citou o impacto da antecipação de tarifas mais altas.
Os Estados Unidos também registraram um forte investimento em inteligência artificial, enquanto a China se beneficiou do apoio fiscal.
No entanto, a OCDE fez poucas alterações em suas previsões para 2026, quando espera que o crescimento global caia de 3,2% este ano para 2,9% e que a expansão nos EUA desacelere de 1,8% para 1,5%, em meio a tarifas de importação mais altas e elevada incerteza.
O impacto total de uma taxa tarifária efetiva geral imposta pela Casa Branca de 19,5% - a mais alta desde 1933 - ainda não foi sentido, disseram as autoridades.
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“É um impacto significativo para a economia dos EUA e, como a economia dos EUA é uma economia tão importante para o resto do mundo, isso está tendo implicações para muitos países”, disse o economista-chefe da OCDE, Alvaro Santos Pereira, em uma entrevista.
As consequências da tentativa de Trump de reescrever as regras do comércio global têm sido difíceis de avaliar para os economistas devido à escala das mudanças nas políticas e à imprevisibilidade da implementação.
Embora os efeitos do avanço das importações de produtos estejam se dissipando e ainda não se tenha percebido qualquer impacto na atividade real, a OCDE disse que as consequências já são visíveis em alguns preços ao consumidor e nas escolhas de gastos.
A OCDE também citou um abrandamento dos mercados de trabalho, com o aumento do desemprego e a diminuição das vagas de emprego, e disse que as pesquisas recentes de negócios mostram sinais de moderação.
“É importante que os países continuem a conversar e consigam chegar a acordos para reduzir as barreiras comerciais, pois sabemos que mais comércio é bom para o crescimento”, disse Pereira.
A OCDE disse que a inflação deve diminuir na maioria das principais economias, com crescimento mais lento e pressões de emprego mais fracas. Mas disse que os bancos centrais devem permanecer “vigilantes”.
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Para o Federal Reserve, a OCDE espera uma flexibilização gradual das taxas no próximo ano, à medida que os mercados de trabalho se flexibilizam, desde que as tarifas não desencadeiem uma inflação mais ampla.
De modo geral, a organização disse que há “riscos significativos” para sua perspectiva provisória, incluindo a possibilidade de novas taxas comerciais ou um ressurgimento dos aumentos de preços.
--Com a ajuda de Dana Morgan.
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