Bloomberg — O senador Rodrigo Paz venceu neste domingo (19) o segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia, prometendo reconstruir as relações com Washington e conter os gastos públicos para enfrentar a pior crise econômica do país em quatro décadas.
Paz superou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da coalizão Alianza Libre, por 54,5% a 45,5%, com 98% das urnas apuradas no resultado preliminar. O presidente do órgão eleitoral, Óscar Hassenteufel, afirmou que a vantagem de Paz era “irreversível”.
Aos 58 anos, Paz tomará posse em 8 de novembro, em um país atingido por alta inflação, escassez de combustíveis, um pesado endividamento e o risco de protestos de apoiadores do ex-presidente socialista Evo Morales, revoltados por ele ter sido impedido de concorrer.
Paz disse que pretende eliminar gradualmente os subsídios caros aos combustíveis, permitir a desvalorização da moeda e buscar mais investimento estrangeiro.
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A Bolívia é uma das nações mais pobres das Américas, apesar de suas vastas reservas de lítio, componente essencial para baterias.
Enquanto seu adversário defendia um programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) para enfrentar a crise, Paz afirmou que primeiro estabilizaria as contas internas antes de recorrer ao organismo.
O primeiro turno, em agosto, encerrou duas décadas de governos socialistas, depois que o partido no poder foi derrotado em meio à falta de combustíveis e alimentos e à disparada da inflação.
Os títulos soberanos da nação andina acumulam alta de quase 40% neste ano — entre os melhores desempenhos dos mercados emergentes —, com investidores apostando que a derrota dos socialistas traria políticas mais favoráveis aos negócios.
A equipe de Paz afirmou que o novo governo continuará honrando a dívida do país, mas poderá tentar aliviar o peso financeiro por meio de trocas de ativos, extensão de prazos ou ajustes cambiais.
‘Capitalismo para todos’
Paz foi prefeito da pequena cidade provincial de Tarija e é filho de Jaime Paz Zamora, que governou o país entre 1989 e 1993.
Durante a campanha, defendeu o que chamou de “capitalismo para todos” e prometeu desmontar o “bloqueio estatal” ao desenvolvimento econômico.
Ao longo da campanha, ele visitou Washington, sinalizando uma aproximação com os Estados Unidos após décadas de atrito.
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