Lula e Trump se reúnem na Ásia, e americano fala em ‘acordos muito bons’ com o Brasil

Durante o primeiro encontro entre os presidentes dos dois países na Malásia, Trump disse que eles ‘se dão muito bem’ e que uma negociação comercial deve ter uma ‘conclusão rápida’. Lula disse que espera poder anunciar ‘boas notícias’

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Bloomberg — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse acreditar que fechará um acordo comercial com o Brasil depois de se reunir pela primeira vez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (26).

Trump disse que os dois “se dão muito bem” e que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, trabalhariam para negociar um acordo e previam uma “conclusão muito rápida”.

“Devemos ser capazes de fazer alguns acordos muito bons para ambos os países”, disse Trump enquanto os líderes se reuniam na Malásia, sede de uma cúpula regional.

Lula disse que achava que poderia anunciar “boas notícias”.

“Não há razão para haver qualquer tipo de conflito” entre o Brasil e os EUA, disse Lula. O brasileiro acrescentou que havia preparado uma agenda escrita em inglês para discutir com o presidente dos EUA.

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A reunião foi o primeiro encontro oficial entre Trump e Lula.

Foi também a primeira interação prolongada entre eles desde que as relações primeiro se deterioraram drasticamente após o anúncio de Trump, em julho, de impor tarifas punitivas sobre as importações da maior economia da América Latina.

A reunião faz parte de um esforço do governo brasileiro para resolver a disputa comercial que já dura meses depois que Trump tentou, sem sucesso, impedir o julgamento no Supremo Tribunal Federal do ex-presidente e seu aliado de direita, Jair Bolsonaro.

Na ocasião, Trump impôs tarifas de 50% sobre as principais exportações brasileiras, como café e carne, e as autoridades americanas posteriormente aplicaram outras sanções e restrições de visto a juízes, autoridades e suas famílias.

Mais recentemente, no entanto, o presidente americano iniciou uma conduta de reaproximação com o líder brasileiro e de redução das tensões.

Trump disse a jornalistas no domingo que se sentia “muito mal” com o destino de Bolsonaro, mas respondeu a um repórter que “não era da sua conta” quando perguntado se a questão faria parte das conversas.

As conversas entre o Brasil e os EUA foram retomadas no mês passado depois que Trump e Lula se cruzaram brevemente na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, o que abriu caminho para a retomada das conversas de alto nível após um período de “relações congeladas”.

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De big techs a terras raras

Além de tarifas e sanções, o foco principal do Brasil tem sido esclarecer as práticas comerciais que foram alvo de uma investigação do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTr), incluindo a regulamentação das empresas de mídia social norte-americanas que operam no país - big techs - e as políticas do setor de etanol.

Embora a abordagem do Brasil tenha sido a de esperar que o governo Trump delineasse suas demandas antes de colocar suas próprias propostas sobre a mesa, Brasília tem trabalhado para preparar materiais de apoio sobre uma série de temas que poderiam ser relevantes para as negociações, incluindo a regulamentação de redes sociais, data centers e minerais críticos (ou terras raras).

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo, depois da China, o que pode dar ao país uma carta importante nas negociações.

Lula indicou a disposição de discutir oportunidades para impulsionar o desenvolvimento dos principais minerais usados em veículos elétricos, sistemas avançados de armas e dispositivos médicos com várias partes, inclusive Trump.

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A Venezuela também está entre os tópicos que podem ter sido abordados pelos dois líderes.

Os EUA atacaram vários barcos que, segundo eles, transportavam drogas da Venezuela nos últimos meses, o que levou a especulações de que poderiam estar se preparando para atacar o país por terra.

Embora o Brasil tenha evitado qualquer envolvimento direto, Lula já havia dito a Trump em uma ligação telefônica que um conflito militar na América do Sul seria devastador para a região.

Trump disse que estaria disposto a discutir a Venezuela, se Lula quisesse, mas que não previa fazê-lo.

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