Bloomberg — As nações europeias tentam conversar com Donald Trump antes da reunião planejada pelo presidente dos Estados Unidos com o líder russo Vladimir Putin no Alasca, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.
Os líderes do continente querem falar com ele antes de sexta-feira (15), quando Trump e Putin devem se encontrar, disseram as pessoas, que falaram sob condição de anonimato para discutir deliberações privadas.
Qualquer conversa se seguiria a um intenso fim de semana de diplomacia entre autoridades norte-americanas, ucranianas e europeias, que incluiu reuniões no Reino Unido no sábado (9) com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, e o secretário britânico de Relações Exteriores, David Lammy.
Os embaixadores da União Europeia (UE) foram informados sobre as negociações no domingo (10) e os ministros das Relações Exteriores do bloco devem se reunir virtualmente na segunda-feira (11). A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre um possível telefonema.
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Como parte das discussões em andamento entre autoridades norte-americanas e russas, Putin está exigindo que a Ucrânia ceda toda a área oriental de Donbas para a Rússia, bem como a Crimeia, que suas forças anexaram ilegalmente em 2014, como condição para desbloquear um cessar-fogo e entrar em negociações sobre um acordo duradouro, segundo informou a Bloomberg News anteriormente.
Esse resultado provavelmente exigiria que Kiev cedesse partes das regiões de Luhansk e Donetsk que ainda estão sob o controle da Ucrânia e concederia à Rússia uma vitória que seu exército não conseguiu alcançar militarmente desde o início da invasão em grande escala em fevereiro de 2022.
Se o processo avançar, o território “terá que estar na mesa”, juntamente com garantias de segurança para a Ucrânia, disse o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, no domingo, na rede de televisão ABC.
Ele sugeriu que isso poderia envolver a Ucrânia reconhecendo que perdeu o controle de parte de seu território sem abrir mão formalmente da soberania sobre essas regiões.
A Ucrânia e seus aliados europeus têm pressionado por um cessar-fogo que congele a atual linha de frente como um primeiro passo antes das negociações sobre um acordo mais duradouro.
Eles também acreditam em continuar a aplicar pressão econômica sobre Moscou por meio de sanções como forma de mudar - ou ao menos deter - Putin.
Trump ameaçou impor sanções à Rússia antes do prazo dado pelos EUA, que expirou na última sexta-feira (8), mas até agora o presidente americano se absteve de tomar medidas diretas contra o Kremlin, além de aplicar tarifas adicionais à Índia por causa de suas compras de petróleo russo.
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Zelenskiy disse no fim de semana que Kiev não irá - e constitucionalmente não pode - ceder território enquanto os líderes europeus prometeram seu apoio contínuo à soberania da Ucrânia.
Sem ceder à força militar
“Continuamos comprometidos com o princípio de que as fronteiras internacionais não devem ser alteradas pela força”, disseram os líderes europeus no sábado em uma declaração conjunta.
“A atual linha de contato deve ser o ponto de partida das negociações”, afirmaram.
A declaração foi apoiada pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelos líderes de França, Alemanha, Itália, Polônia e Finlândia.
Uma autoridade da UE disse que os EUA têm se envolvido de perto com a diplomacia em andamento e demonstraram interesse em se alinhar com a Europa.
De acordo com os termos do acordo que as autoridades americanas e russas vêm discutindo, Moscou interromperia sua ofensiva nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia da Ucrânia ao longo das linhas de batalha atuais.
Não está claro se Moscou está preparada para abrir mão de qualquer terra que esteja ocupando atualmente, o que inclui a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.
Putin tem insistido repetidamente que seus objetivos de guerra permanecem inalterados.
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Eles incluem exigências para que Kiev aceite o status de país neutro e abandone sua ambição de se tornar membro da OTAN, além de aceitar a perda da Crimeia e das outras quatro regiões do leste e do sul da Ucrânia para a Rússia.
Partes de Donetsk e Luhansk estão sob ocupação russa desde 2014, quando o Kremlin incitou a violência separatista logo após a operação de tomada da Crimeia.
Putin declarou que as quatro regiões ucranianas seriam “para sempre” parte da Rússia depois de anunciar que as estava anexando em setembro de 2022, mesmo que suas forças nunca tenham controlado totalmente esses territórios.
-- Com a colaboração de Hadriana Lowenkron e Suzanne Lynch.
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