Bloomberg — O crescimento do emprego nos Estados Unidos foi robusto em abril e a taxa de desemprego permaneceu estável, o que sugere que a incerteza em torno da política comercial do presidente Donald Trump ainda não teve um impacto material nos planos de contratação.
As folhas de pagamento não agrícolas aumentaram em 177 mil no mês passado, após revisões para baixo nos avanços dos dois meses anteriores, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Bureau of Labor Statistics. A taxa de desemprego permaneceu inalterada em 4,2%.
Futuros das ações dos EUA e os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram após a divulgação do relatório, enquanto o dólar reduziu as perdas.
O relatório sugere que o mercado de trabalho continua a esfriar gradualmente, um sinal de que as empresas, mesmo enfrentando maior incerteza em relação às tarifas e turbulência nos mercados financeiros, não alteraram significativamente seus planos de contratação.
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A maioria dos economistas espera que o impacto mais forte das tarifas seja sentido nos próximos meses.
Autoridades do Federal Reserve indicaram que não têm pressa em cortar os juros até que haja mais clareza sobre os impactos das políticas da administração na economia, e é amplamente esperado que mantenham a taxa básica inalterada na próxima reunião, marcada para 6 e 7 de maio.
Embora o banco central dos EUA seja uma instituição independente, Trump tem pressionado por uma redução nos custos de financiamento.
Os ganhos nas folhas de pagamento em abril foram amplos, liderados pelos setores de saúde, transporte e armazenamento.
A indústria manufatureira, por sua vez, perdeu empregos, registrando a maior contração na produção desde 2020.
O governo federal cortou empregos pelo terceiro mês consecutivo — a sequência mais longa desde 2022 — refletindo os esforços do Departamento de Eficiência Governamental, liderado por Elon Musk, para reduzir a força de trabalho federal e os gastos públicos.
O governo lidera todos os setores da economia dos EUA em número de demissões em 2025, com a grande maioria dos cerca de 282 mil cortes registrados até agora neste ano sendo atribuída às ações do DOGE, segundo relatório da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas divulgado na quinta-feira.
Economistas afirmam que ao menos meio milhão de empregos podem estar em risco à medida que os cortes nos gastos federais se estendem a contratados, universidades e outros que dependem de financiamento público.
A taxa de participação — a parcela da população que está trabalhando ou procurando emprego — subiu para 62,6% em abril. Entre as pessoas de 25 a 54 anos, conhecidas como trabalhadores em idade ativa, a taxa alcançou o nível mais alto em sete meses.
Economistas também estão atentos a como a dinâmica entre oferta e demanda de trabalho está afetando os aumentos salariais — especialmente em um momento em que os riscos inflacionários voltam a crescer.
O relatório mostrou que os ganhos médios por hora aumentaram 0,2% no mês passado, uma desaceleração em relação a março. Em relação ao ano anterior, o aumento foi de 3,8%.
Outros dados apontam para um enfraquecimento mais acentuado das condições no mercado de trabalho.
As vagas de emprego caíram em março para o menor nível desde setembro, e um relatório sobre contratações no setor privado mostrou que os empregadores adicionaram o menor número de postos de trabalho em nove meses em abril.
Economistas em geral esperam um aumento nas demissões nos próximos meses, à medida que a incerteza econômica paralisa os planos de expansão.
A UPS espera cortar 20 mil empregos, prevendo uma demanda mais fraca por compras online. Outras empresas, como a Volvo e Cleveland-Cliffs, também estão se preparando para eliminar postos de trabalho.
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