Bloomberg — Os americanos com diploma universitário de quatro anos passaram a responder por um recorde de 25% do total de desempregados, o que evidencia uma forte desaceleração na contratação de profissionais de colarinho branco neste ano.
Dados mensais divulgados na quinta-feira (20) pelo Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos, após atraso causado pela paralisação do governo, mostraram que a taxa de desemprego entre pessoas com diploma de bacharel chegou a 2,8% em setembro — alta de meio ponto percentual em relação ao ano anterior. Outros níveis de escolaridade, por outro lado, registraram pouca ou nenhuma elevação no período.
Mais de 1,9 milhão de americanos com 25 anos ou mais e ao menos um diploma de bacharel estavam desempregados em setembro — um em cada quatro trabalhadores sem emprego no país.
Antes de 2025, essa proporção nunca havia alcançado nível tão alto, segundo registros que remontam a 1992. Jovens recém-formados também têm enfrentado dificuldades para encontrar trabalho.
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O aumento do desemprego entre pessoas com ensino superior “deve alimentar ainda mais os temores de perda de vagas por causa da IA”, afirmou Michael Feroli, economista-chefe para os Estados Unidos no JPMorgan Chase, em nota divulgada na quinta-feira após a publicação dos dados.
O marco ocorre em meio a uma série de anúncios de demissões de grandes empresas, como Amazon, Target e Starbucks.
Um relatório recente da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas indicou que os anúncios de cortes de vagas no mês passado foram os maiores para qualquer mês de outubro em mais de 20 anos, impulsionados por planos de substituir funções por inteligência artificial.
A Verizon Communications tornou-se na quinta-feira a mais recente companhia a anunciar cortes amplos, ao informar que pretende demitir mais de 13.000 funcionários para reduzir sua força de trabalho não sindicalizada em até 20%.
“Para os recém-formados, eles realmente foram atingidos por uma espécie de tempestade perfeita”, afirmou John Williams, presidente do Federal Reserve Bank de Nova York, na sexta-feira (21).
Normalmente, “os formandos acabam absorvidos pelo mercado de trabalho assim que deixam a universidade, e isso não ocorreu tanto neste ano”, disse ele ao responder perguntas após um discurso em Santiago, no Chile.
Os dados do BLS divulgados na quinta-feira mostraram que jovens americanos têm sido os mais afetados pelo aumento recente do desemprego.
A taxa de desocupação entre pessoas de 20 a 24 anos ficou em 9,2% em setembro, alta de 2,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior — um avanço de magnitude raramente visto fora de períodos de recessão.
As taxas de desemprego entre americanos mais velhos, por sua vez, permanecem abaixo de 4% e vêm mostrando aumentos menores nos últimos meses.
O relatório também revelou que apenas dois setores — saúde e assistência social, e lazer e hospitalidade — responderam por mais de 100% da criação de empregos nos Estados Unidos até agora em 2025.
Juntos, eles adicionaram 690.000 vagas neste ano, enquanto, excluindo essas duas áreas, o emprego nacional caiu cerca de 6.000 postos.
O setor de serviços profissionais e técnicos — que inclui áreas como design de sistemas de computador, consultoria de gestão e técnica, além de pesquisa e desenvolvimento científicos — também registrou uma queda direta no número de funcionários nos primeiros nove meses do ano.
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