Crise de imigração já leva Nova York a cogitar abrigo no Central Park

O emblemático parque em Manhattan é um dos 3.000 lugares que a cidade mais populosa dos EUA considera para acolher os solicitantes de asilo

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Bloomberg — As autoridades de Nova York consideram a possibilidade de abrigar migrantes no Central Park, em Manhattan, e no Prospect Park, no Brooklyn, como parte de um plano para encontrar novos locais para alguns dos mais de 95.000 solicitantes de asilo que chegaram nos últimos 15 meses.

“Tudo está sobre a mesa”, disse a vice-prefeita de Saúde e Serviços Humanos, Anne Williams-Isom, em uma coletiva de imprensa na quarta-feira, quando questionada sobre a possibilidade de abrigar imigrantes nos parques da cidade. Esses locais estão entre os 3.000 que a cidade cogita.

O site de notícias Gothamist informou na quarta-feira que a cidade considera tendas nos dois principais parques e na Randall’s Island como possíveis locais para os requerentes de asilo, citando pessoas não identificadas familiarizadas com as discussões.

Williams-Isom se recusou a comentar sobre a iminência do plano e não respondeu diretamente a uma pergunta sobre com quem a cidade está trabalhando em possíveis planos para abrigar pessoas nos parques da cidade.

Um memorando obtido pela CNN no início deste ano listou como possíveis locais de recepção um YMCA em Park Slope, Brooklyn; um centro de recreação em Staten Island; os campus do York College e do Medgar Evers College; e o estacionamento do Citi Field, no Queens.

Colocar os imigrantes em estruturas temporárias dentro do Central Park ou do Prospect Park daria grande visibilidade a uma crise que vem perseguindo a administração do prefeito Eric Adams há meses. Na terça-feira, dezenas de pessoas dormiram e esperaram por ajuda nas calçadas do lado de fora do Roosevelt Hotel, no centro de Manhattan.

Adams criticou repetidamente o governo Biden por não ter fornecido assistência logística ou financeira significativa à cidade para ajudar a gerenciar a crise. O prefeito e os membros da delegação do Congresso de Nova York se reuniram na semana passada com o secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, para discutir a questão.

Na quarta-feira, Williams-Isom negou que a cidade esteja deixando as pessoas dormirem nas ruas como uma tática para forçar o governo federal a ajudar a cidade. Ninguém na administração Adams “usaria alguém para fazer uma manobra”, disse Williams-Isom.

O sistema de abrigos da cidade acolhia um total de 107.900 pessoas em 30 de julho, um número recorde que mais do que dobrou desde janeiro de 2022, quando o censo total de abrigos na cidade era de 45.000. Cerca de 56.600 dos atuais residentes dos abrigos da cidade são migrantes.

Em raras ocasiões na história do Central Park, o icônico espaço público foi requisitado para abrigos de emergência. Durante a Depressão da década de 1930, os sem-teto criaram “Hoovervilles” e, durante a pandemia de Covid-19, um hospital de campanha foi erguido para lidar com o grande número de casos iniciais da doença.

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