Bloomberg — O boom imobiliário do sul da Flórida alimentado pela pandemia tem mostrado mais sinais de que está perdendo força.
Em abril, os contratos para compra de imóveis nas regiões de Miami, West Palm Beach e Fort Lauderdale caíram em relação ao ano anterior e tiveram os maiores declínios entre as 50 regiões metropolitanas mais populosas dos Estados Unidos, segundo uma análise da Redfin.
As vendas em Miami despencaram 23%, enquanto as transações caíram quase 19% em Fort Lauderdale e cerca de 14% em West Palm Beach.
Os imóveis nas três regiões metropolitanas também permaneceram no mercado pelo maior tempo, mostram os dados da corretora.
“O sul da Flórida é o epicentro da fraqueza do mercado imobiliário nos Estados Unidos”, disse Chen Zhao, chefe de pesquisa econômica da Redfin. “A questão para o resto do país é: isso vai se espalhar? A Flórida está excepcionalmente ruim agora.”
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Os dados indicam uma virada acentuada para o mercado imobiliário do sul da Flórida, que cresceu junto com outros mercados em estados do sul do país a partir de meados de 2020.
Durante esse período, os imóveis eram regularmente vendidos por um preço mais alto do que o de listagem e os vendedores de luxo obtinham ganhos expressivos. Mas a desaceleração na migração para o sul da Flórida e os altos custos — incluindo seguros e taxas de hipoteca — começaram a pesar nas transações.
“Estamos vendo uma deflação realmente longa e lenta dessa bolha”, disse Zhao sobre os mercados do sul que cresceram durante a era da covid-19.
Em média, um imóvel em Miami agora permanece no mercado por 81 dias antes de ser vendido, quase o dobro durante o pico da demanda em 2022, de acordo com dados da Redfin.
West Palm Beach e Fort Lauderdale estão empatadas no topo da lista das cidades com o maior tempo para concretizar uma venda entre as regiões metropolitanas, com 83 dias.
Os preços já começaram a ser afetados. Em março, o preço mediano de venda de imóveis da Flórida declinou 1,7% em relação ao ano anterior. E em abril, West Palm Beach, Fort Lauderdale e Miami viram quase 5% das vendas em suas regiões fecharem abaixo do preço de listagem.
O mercado de luxo do sul da Flórida, que registrou vendas recordes na pandemia e suas consequências, agora têm visto descontos profundos. Em abril, 18% das listagens de luxo ativas no sul da Flórida tiveram cortes de preço, de acordo com dados da Zillow Group.
Alguns fatores são únicos da Flórida: altas taxas de seguro de propriedade exacerbam uma crise de acessibilidade. E o histórico da Flórida de altos e baixos imobiliários frequentemente a fizeram se destacar de muitas outras partes do país.
Agora, também há mais imóveis em estoque. Os desenvolvedores correram para atender à demanda de novos residentes durante a pandemia. Mas um recuo do número de compradores, além de problemas com condomínios envelhecidos em necessidade de mais dinheiro, gerou uma enxurrada de listagens.
Em abril, o número total de imóveis à venda no condado de Miami-Dade saltou 43% em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório da Miami Realtors.
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