Após violações da Rússia, Polônia promete derrubar jatos que cruzarem sua fronteira

Primeiro-ministro Donald Tusk disse que o país está preparado para abater aeronaves estrangeiras que entrarem em seu espaço aéreo sem autorização; Rússia tem testado a resposta da Otan a violações

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Bloomberg — O primeiro-ministro Donald Tusk disse que a Polônia está preparada para abater aeronaves estrangeiras que cruzarem seu território sem autorização, após uma série de incursões russas no espaço aéreo da Otan.

“Certamente tomaremos decisões para abater objetos voadores quando eles violarem nosso território e sobrevoarem a Polônia”, disse Tusk a repórteres no norte da Polônia na segunda-feira (22), quando perguntado sobre a perspectiva de abater jatos russos. “Não há espaço para discussão aqui.”

A Polônia está entre os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte que responderam às incursões de aeronaves russas neste mês, incluindo três jatos MiG-31 que cruzaram o espaço aéreo da Estônia sobre o Golfo da Finlândia na sexta-feira (19).

A Polônia, que tentou abater drones que cruzaram seu território no início do mês, e a Estônia invocaram o Artigo 4 do tratado da Otan, que dá início a consultas e pode abrir caminho para uma ação coordenada entre os aliados.

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Tusk falou enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunia em Nova York para uma reunião de emergência para discutir a violação na Estônia, que o governo em Tallinn chamou de parte de uma campanha russa mais ampla para testar a firmeza com que a Otan está preparada para responder a ameaças territoriais.

O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, atacou o representante da Rússia em Nova York, dizendo que Varsóvia “não será intimidada”.

“Se outro míssil ou aeronave entrar em nosso espaço sem permissão, deliberadamente ou por engano, e for abatido e os destroços caírem em território da Otan, não venha aqui reclamar”, disse Sikorski. “O senhor foi avisado”.

O aumento repentino das violações do espaço aéreo da Rússia abalou a Otan, já que a guerra do Kremlin contra a Ucrânia está em seu quarto ano.

A Otan enviou jatos novamente no início do domingo (21) em resposta a um avião militar russo que voou em espaço aéreo neutro sobre o Mar Báltico, disse a Força Aérea Alemã em um comunicado.

O Ministério da Defesa da Rússia negou que seus jatos tenham entrado no espaço aéreo da Estônia, dizendo que a aeronave seguiu uma rota planejada da República da Carélia - que faz fronteira com a Finlândia - para o enclave de Kaliningrado.

A Estônia estava pronta para seguir a Polônia na solicitação de assistência adicional de defesa aérea, o que gerou a preocupação de que os recursos pudessem ser desviados do esforço para defender a Ucrânia.

Como os líderes da Otan se alinharam para exigir respostas mais firmes à ação russa, muito dependerá da concordância do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Falando do Salão Oval na sexta-feira (19), o presidente Donald Trump não se comprometeu com a resposta dos Estados Unidos.

“Eu não gosto disso”, disse Trump aos repórteres. “Quando isso acontecer, pode ser um grande problema. Mas depois eu responderei”.

Embora Tusk tenha insistido que somente a Polônia tem o direito de defender seu próprio território, ele também destacou que seu governo está em discussões contínuas com seus aliados e que garantiria que qualquer resposta fosse coordenada.

“É preciso pensar duas vezes antes de decidir sobre ações que poderiam desencadear uma fase muito aguda de conflito, e é por isso que estamos principalmente em constante consulta com nossos aliados aqui”, disse Tusk.

Tusk foi questionado sobre os comentários feitos no fim de semana pelo presidente tcheco Petr Pavel, que também sugeriu que os governos da Otan precisam estar preparados para abater os jatos russos no caso de novas violações.

O incidente deste mês na Polônia levou o governo de Varsóvia a abater drones russos pela primeira vez desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia.

A Otan passou a reforçar suas fronteiras orientais com a implantação de sistemas adicionais de defesa aérea e jatos militares em uma operação denominada Eastern Sentry.

-- Com a colaboração de Magdalena Del Valle.

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