Acusado de sonegação, bilionário mexicano lança campanha contra governo

Ricardo Salinas anunciou uma campanha para se opor à presidente Claudia Sheinbaum, a quem chama de comunista, e pediu aos cidadãos que se juntem a ele para combater o crime e a corrupção

Por

Bloomberg — O bilionário mexicano Ricardo Salinas decidiu entrar na política do país. Ele anunciou uma campanha de organização para se opor ao governo da presidente Claudia Sheinbaum e pediu aos cidadãos que se juntem a ele para combater o crime e a corrupção.

Um dos homens mais ricos do México, Salinas controla um conglomerado que administra a varejista de eletrônicos Elektra, além de grandes empresas bancárias e de radiodifusão.

Lançada em um vídeo postado nas redes sociais poucas horas antes do feriado do Dia da Independência do México, na terça-feira (16), a campanha ocorre em um momento em que o império de negócios do magnata foi acusado pelas autoridades de não pagar seus impostos.

A disputa de longa data envolve 74 bilhões de pesos (US$ 4 bilhões) em supostos impostos atrasados.

Leia também: Em linha com Trump, México estuda aplicar tarifas sobre a China e outros países

Em seu vídeo, Salinas nunca menciona Sheinbaum pelo nome e descreve seu movimento como um movimento que promove a vida, a propriedade privada e a liberdade.

O escritório de Sheinbaum não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

“Nosso México está nas mãos de um governo formado por pessoas perigosas, que têm uma ideologia realmente perversa, são comunistas”, disse Salinas, ladeado por sua esposa, uma bandeira mexicana e uma imagem da Virgem de Guadalupe. E acrescentou: “Mexicanos, já chega desse regime criminoso e corrupto!”

Salinas disse que em breve lançará um site no qual mexicanos com a mesma opinião poderão se inscrever, mas não detalhou quais atividades o esforço terá ou se ele pretende formar um partido político.

Ele observou que os membros se comprometerão a “não roubar, não matar e não mentir”.

O bilionário já disse anteriormente que é muito cedo para decidir se concorrerá à presidência. A próxima eleição presidencial do México ainda está longe, marcada para 2030.

Leia também: Brasil e México buscam se aproximar. Mas diferenças impedem uma aliança duradoura

Um representante do Grupo Salinas não respondeu a um pedido de comentário.

Salinas tem negado repetidamente que suas empresas tenham contas de impostos atrasadas, enquanto Sheinbaum às vezes usa sua entrevista coletiva diária para pressionar Salinas, argumentando que todos têm que pagar o que devem.

O recém-eleito judiciário mexicano, que Sheinbaum defendeu, está encarregado de analisar as reivindicações fiscais.

Leia também: Um ano da eleição de Claudia Sheinbaum no México: o impacto na América Latina

Em julho, o presidente da Suprema Corte disse à Bloomberg News que os casos de impostos devem ser claros, sem abordar diretamente os casos envolvendo as empresas de Salinas.

Veja mais em bloomberg.com