Verde, de Stuhlberger, retoma aposta em bolsa brasileira e amplia posição em real

Gestora com R$ 17 bi em ativos voltou a apostar no mercado acionário local após ter zerado posição em agosto passado, a despeito de apontar permanência de temas como ‘fragilidade fiscal e busca por popularidade à custa de mais gastos’ no país

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Bloomberg Línea — A Verde Asset, gestora de Luis Stuhlberger, retomou posição comprada em bolsa brasileira após ter zerado participação no mercado acionário local em agosto do ano passado.

A revelação da retomada dessa estratégia foi feita na carta mensal aos investidores com o balanço do fundo multimercado Verde – carro-chefe da casa – referente ao último mês de junho, divulgada nesta segunda-feira (8).

“O fundo voltou a ter alocação comprada em bolsa brasileira, e estamos neutros em bolsa global. No Brasil aumentamos as posições compradas em juro real”, informou a gestora na carta.

A decisão veio em meio à retomada do Ibovespa, com impulso do fluxo de capital estrangeiro: o índice tem alta de 16,15% no acumulado deste ano.

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A Verde tinha cerca de R$ 17 bilhões em ativos sob gestão ao fim de junho de 2025, segundo informações em seu site.

Sobre o cenário local, a Verde citou o imbróglio em torno do decreto do governo que estabeleceu o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida foi derrubada pelo Congresso e depois alvo do STF (Supremo Tribunal Federal), que decidiu arbitrar o conflito.

“Os temas continuam os mesmos: fragilidade fiscal, busca por popularidade à custa de mais gastos, impulso fiscal versus freio monetário.”

Segundo a Verde, o mercado busca uma mudança no cenário eleitoral de 2026, mas com o “desafio de lidar com um custo de capital altíssimo”. Nesse cenário, as alocações em real e no juro real são as destacadas pela gestora como a melhor opção de retorno ajustado ao risco.

No cenário externo, a Verde destacou a visão sobre uma economia americana resiliente e um cenário geopolítico tenso que, apesar da guerra entre Israel e Irã, não mostrou impactos relevantes nos mercados.

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“Vale dizer que, embora o dólar continue se enfraquecendo, os mercados acionários americanos continuam performando bastante bem, tanto no absoluto quanto no relativo mais recentemente, empurrados por contínuas indicações de ampliação e aprofundamento da penetração da inteligência artificial nas companhias.”

Desempenho e posições

O Fundo Verde, carro-chefe da gestora, apresentou um rendimento de 0,97% em junho, abaixo do CDI que acumulou 1,10% no mês.

Segundo a gestora, o fundo teve ganhos no euro, no real, em cripto e no livro de crédito local. As perdas, por sua vez, vieram de hedges em petróleo e de commodities.

No acumulado de 2025, o fundo mostra rendimento de 7,15%, contra 6,41% do CDI.

Além da alocação em bolsa brasileira, o fundo aumentou as posições compradas em juros reais.

No exterior, a Verde está neutra em bolsa global, e, nos EUA, houve troca de pedaço da posição de inflação por alocações aplicadas em juro real.

O fundo também tem posições compradas no euro e no ouro.

A alocação em cripto continua, assim como as carteiras de crédito high yield locais e globais.

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