Por que ultrarricos estão mais cautelosos com coleções de arte, segundo o UBS

Relatório da Art Basel com o banco suíço indica que o percentual de colecionadores que compram obras de arte de US$ 1 milhão ou mais caiu de 12% para 4% do universo pesquisado

UBS Sees Ultrarich Abandoning $1 Million-Plus Art in Report
Por James Tarmy
02 de Novembro, 2023 | 01:21 PM

Bloomberg — Colecionadores de arte ultrarricos estão reduzindo suas compras de obras mais caras, de acordo com um novo relatório da Art Basel em parceria com o UBS.

Dos cerca de 2.800 colecionadores pesquisados, o percentual daqueles que frequentemente compram obras de arte avaliadas em US$ 1 milhão ou mais caiu de 12%, em 2021, para 4% em 2022.

A despesa média com arte e antiguidades, contudo, aumentou 19% de 2021 para 2022, para um total de US$ 65.000, e o valor médio para o primeiro semestre de 2023 — também US$ 65.000 — ainda pode indicar um crescimento adicional.

“Isso indica que o segmento de alto padrão ainda está na ativa, mas sendo reduzido”, disse Clare McAndrew, fundadora da empresa de pesquisa e consultoria Arts Economics, que preparou o relatório. “Em 2021, as pessoas voltaram a gastar com voracidade, e os orçamentos foram ignorados”, completou.

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Os gastos no segmento de arte cujas obras excedem US$ 1 milhão se recuperaram na primeira metade de 2023, para 9%, mas o relatório destacou que, “mesmo com esses aumentos, os níveis seguem abaixo dos de 2021 e de anos anteriores”.

Isso coincide com o mercado de arte de alto padrão em geral, em que as vendas de arte contemporânea caíram substancialmente, tanto em leilões quanto por meio de negociantes, mesmo com os colecionadores fazendo fila para grandes eventos de arte.

“De forma geral, os colecionadores continuam entusiasmados com a arte e com o ato de colecionar”, disse Paul Donovan, economista-chefe da UBS Global Wealth Management. “Temos visto uma disposição contínua de comprar obras de arte, de se envolver no mercado de arte, de participar de feiras e assim por diante, mas parece ter havido uma espécie de mudança”, disse.

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“As pessoas estão pesquisando um pouco mais a fundo; não diria que estão mais cautelosas, mas mais ponderadas em suas compras.”

O relatório foi realizado com, base em pesquisas entre os meses de julho e agosto. Como resultado, disse McAndrew, muitos dos entrevistados, especialmente aqueles na China Continental e em Hong Kong, podem ter relatado uma situação mais otimista do que a atual.

Sinais de alerta

Apesar dos pontos positivos – como que 54% dos entrevistados planejavam comprar arte no próximo ano (a mesma porcentagem do ano passado) –, há sinais de alerta para o mercado de arte.

A alocação média para arte nos portfólios dos entrevistados diminuiu, de 24% em 2022 para 19% em 2023. Isso poderia, segundo o relatório, indicar “uma abordagem mais cautelosa para colecionar, com um foco maior em ativos financeiros mais líquidos, ou menos inclinação para gastar em compras discricionárias do que em anos anteriores.”

Na pesquisa, quanto maior o patrimônio do entrevistado, maior era a proporção de arte em seu portfólio geral. “A proporção aumentava com a ultra-alta renda”, diz McAndrew. “Eles tendem a alocar níveis muito mais altos para obras de arte.”

Entrevistados cuja riqueza superava os US$ 50 milhões tinham uma média de quase 30% de sua carteira alocada em arte.

Dado o ritmo dos eventos macroeconômicos ao redor do mundo, é difícil, segundo McAndrew, projetar amplamente sobre o desempenho futuro do mercado de arte. “As coisas podem mudar muito rapidamente”, disse ela. “Vimos grandes coisas acontecerem em apenas alguns meses.”

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