Bloomberg Línea — Música eletrônica, uma torre de macarons e taças de champagne à vontade entre araras de roupas minimalistas. Esses foram alguns elementos presentes no evento de lançamento da primeira loja física da Insider Store no MorumbiShopping, em São Paulo, no último sábado (4).
A marca foi criada em 2017 e cresceu no mercado com os seus produtos como a Tech T-Shirt, que promete secar rapidamente e não cheirar mal mesmo após atividades físicas.
A empresa também é conhecida por adotar uma estratégia de marketing agressiva nas redes sociais, com a utilização de propagandas em podcasts, vídeos no Youtube e a partir de influenciadores.
Para este ano, a empresa prevê atingir R$ 600 milhões em receita. Esse valor representaria um crescimento de 50% em relação aos R$ 400 milhões em 2024. Em 2026, a meta é chegar aos R$ 800 milhões.
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Para os fundadores da marca, Yuri Gricheno e Carolina Matsuse, a loja física servirá como uma espécie de “laboratório” para testar o comportamento dos consumidores e aproximar a marca deles.
“As pessoas conhecem a Insider pelas redes sociais e pelos influenciadores, mas nem sempre entendem o que a marca realmente entrega. A loja é uma forma de tangibilizar essa experiência e permitir que o cliente sinta o diferencial das peças”, disse Gricheno em entrevista à Bloomberg Línea.
A nova loja no Shopping Morumbi funciona no modelo pop-up e funcionará até o dia 31 de dezembro. A escolha do período não é aleatória, dado que abrange a Black Friday e os feriados de fim de ano - como o Natal - que representam um grande volume de vendas para a marca. Não há previsão de abertura de novas lojas.
Os fundadores esperam atender, com o novo espaço físico, os consumidores que querem comprar e levar o produto na hora, ou aqueles que deixam as compras para o último minuto antes de uma necessidade, como presentes.
“No e-commerce, conseguimos entregar até no dia seguinte, mas há um público que precisa do presente ‘para hoje’. A loja atende esse comportamento de urgência e reforça o apelo emocional da marca”, disse Matsuse à Bloomberg Línea.
Em entrevista à Bloomberg Línea no fim do ano passado, Gricheno disse que a Insider teve um crescimento acima de 100% ano a ano desde a sua criação, com exceção de 2021 - em que a base de comparação se deu com 2020, um ano atípico de início da pandemia, com novos hábitos de consumo no período.
Na ocasião, o executivo e empreendedor havia relatado a contratação de Guilherme Almeida, ex-CFO e diretor de RI (Relações com Investidores) da Enjoei, para comandar a diretoria financeira da Insider.
“Pensando em desafios futuros, existe um que é inerente a toda empresa que cresce muito rápido. A Insider, nos últimos anos, vem dobrando de tamanho a cada ano. E isso traz dores de crescimento”, disse Almeida na ocasião.
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Aposta no offline
A chegada da Insider ao varejo físico não é uma decisão isolada: marcas nascidas na internet, como a Dobra, também migraram para o “mundo físico” após consolidar a presença no branding online.
Segundo Matsuse, o varejo tradicional, ou físico, ainda representa cerca de 80% das vendas de moda no Brasil, e estar presente nesse ambiente é uma forma de ampliar a visibilidade da marca e fortalecer o relacionamento com o consumidor.
“Estudos mostram que, quando uma DNVB [Digitally Native Vertical Brand, ou empresa que nasceu online] abre uma loja, há um incremento de receita também no digital, especialmente na região em torno do ponto físico”, disse Matsuse.
“A loja gera confiança e aproxima o cliente da marca. Muitas vezes, a pessoa via o produto online, mas tinha receio de comprar. Agora, ela pode sentir o tecido e perceber a diferença.”
A próxima aposta da empresa está no lançamento da Next Tech, sua camiseta mais tecnológica até hoje, segundo os fundadores da marca.
A peça é produzida com fibra de lyocell, um tecido derivado de celulose de florestas certificadas e fabricado em processo de ciclo fechado, sem resíduos químicos.
A Insider importa o material diretamente da Europa e fabrica, via parceiros terceirizados no Brasil, as suas peças. O material utilizado, segundo os fundadores, também é mais caro do que as demais fibras com que a empresa trabalhou até então.
“Ela tem toque mais macio, durabilidade e um processo limpo. Acreditamos que será o futuro da indústria têxtil”, afirmou Matsuse.
A peça chega ao público a R$ 199, valor acima da tradicional Tech T-Shirt (R$ 159).
Estratégia e próximos passos
Mesmo com a estratégia de crescimento, a empresa deve continuar a se financiar com capital próprio. “Não há necessidade de novos recursos. O foco é continuar a ganhar escala com a estrutura que temos”, disse Gricheno.
A Insider não divulga números de seu balanço financeiro, mas diz operar com rentabilidade superior à de muitas marcas premium, já que trabalha no modelo direct-to-consumer, sem intermediários.
“Não queremos ser uma marca de luxo, mas entregar performance e qualidade a um custo acessível”, disse o cofundador.
Além da loja física, a Insider tem apostado na entrada em diferentes marketplaces. É possível encontrar os produtos da marca na Amazon, no Mercado Livre e no TikTok Shop.
“A loja é o início de uma nova jornada. Ela começa offline, mas se conecta ao online e vice-versa. Queremos construir uma experiência fluida, em que o cliente possa transitar entre os dois mundos com a mesma facilidade”, disse Matsuse.
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