Como o Maextro, da Huawei, superou o Porsche Panamera e o Series 7 da BMW na China

Sedã ultra-luxuoso Maextro S800, lançado em maio, se tornou líder em vendas no segmento historicamente dominado por modelos europeus de marcas premium, que custam acima de US$ 100 mil, em nova quebra de paradigma do mercado auto

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Bloomberg — O sedã ultra-luxuoso Maextro S800, da Huawei Technologies, é tão popular na China hoje em dia que tem superado o Panamera, da Porsche, o Classe S da Mercedes-Benz, e o Series 7 da BMW, além de todos os outros veículos com preços de pelo menos US$ 100.000.

Nenhum concorrente está nem perto do modelo, na verdade.

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Desde seu lançamento em maio, as vendas do Maextro ultrapassaram as de todos os outros veículos nessa faixa de preço em setembro e não pararam mais.

No mês passado, eles saíram das concessionárias em números maiores do que os do Panamera - um dos mais vendidos de longa data - e do BMW Série 7 juntos, de acordo com dados compilados pela ECC Intelligence.

Com um carro anunciado como um produto que rivaliza com um Rolls-Royce ou um Bentley - mas por uma fração do preço -, a Huawei conquistou um dos últimos nichos do mercado automotico chinês ao qual as marcas estrangeiras haviam se agarrado como uma fortaleza.

É a mais recente ilustração de como as montadoras globais, que cederam sua liderança em veículos convencionais há anos, continuam ficando cada vez mais atrás das empresas locais no maior mercado automotivo do mundo, sem que uma retomada esteja à vista.

“As demandas em constante mudança dos clientes chineses e o orgulho crescente das marcas nacionais derrubaram o mercado de luxo”, disse Zhu Yulong, fundador da consultoria Zhineng Auto.

A Huawei, conhecida há muito tempo como uma das principais empresas de tecnologia da China, emergiu como uma força dominante no setor automotivo do país nos últimos anos ao se associar a montadoras locais.

Essas parcerias normalmente envolvem a Huawei como fornecedora de tecnologia de ponta, como software de assistência ao motorista e sua vasta rede de vendas, enquanto o parceiro fabrica o veículo.

A Anhui Jianghuai Automobile Group Corp. produz o Maextro em sua fábrica na cidade de Hefei, no leste do país.

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O Maextro, uma brincadeira com a palavra italiana para “maestro”, começa com preço em em 708.000 yuans e vai até 1,02 milhão de yuans para a versão mais premium. Em comparação, o Panamera começa em 1,1 milhão de yuans na China.

“O Maextro S800 representa a primeira vez que uma marca chinesa consegue se firmar no segmento de ultra luxo de 1 milhão de yuans”, disse Richard Yu, presidente do grupo de negócios de consumo da Huawei, à emissora estatal CCTV em um programa exibido em 9 de dezembro.

“Estamos na era da inteligência e da eletrificação e estamos liderando por meio de tecnologias mais inteligentes e inovação.”

O salão não é o primeiro sucesso da Huawei em automóveis.

O veículo utilitário esportivo Aito M9 se tornou o veículo de luxo mais vendido da China - entre aqueles com preço de 500.000 yuans ou mais - meio ano após seu lançamento no final de 2023.

Ao projetar o Maextro S800, a Huawei e a JAC procuraram dar atenção a detalhes raramente vistos em carros chineses. Por exemplo, os botões de ajuste do assento são feitos de cristal.

O modelo também apresenta um forro de teto estrelado que evoca um céu noturno - como em um Rolls-Royce -, que usa mais de 680 fibras ópticas para suavizar sua sensação, de acordo com Yu.

O Maextro S800 também vem com um painel de instrumentos com tela tripla, um projetor de filmes de 40 polegadas na parte traseira, mais de 30 sensores e portas que se abrem automaticamente.

Antes da Huawei, as montadoras locais não conseguiam romper o domínio de marcas estrangeiras famosas nos segmentos de luxo de primeira linha.

A Yangwang, da BYD, produziu veículos com preços de etiqueta que podem ultrapassar um milhão de yuans - como o U8 SUV -, mas as vendas nunca chegaram nem perto das dos concorrentes estabelecidos.

Enquanto isso, as três grandes marcas de carros de luxo da Alemanha - BMW, Mercedes e Audi - continuam a perder participação de mercado na China, pois não conseguem acompanhar os preços dos fabricantes chineses locais e a velocidade de seus avanços tecnológicos.

Para tentar recuperar o atraso, a Audi, da Volkswagen, agora tem produzido carros como o E5 Sportback, que só está disponível na China e foi desenvolvido localmente, o que alimenta a inveja dos entusiastas de carros na Europa.

Mas ainda não se sabe se a Huawei e seus parceiros de fabricação conseguirão manter os investimentos para manter o sucesso de longo prazo no mercado premium, de acordo com Zhu, da Zhineng Auto.

“É um sinal de orgulho nacionalista e também a premiumização das marcas chinesas é uma grande tendência”, disse Zhu. “Mas quanto tempo isso pode durar? Ainda precisamos ficar atentos.”

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