Mercado Bitcoin acerta com Ripple para tokenizar R$ 1 bi e mira investidor global

Plataforma planeja ampliar distribuição internacional e levar ativos à XRPL, rede utilizada por bancos centrais e instituições financeiras. A meta é emitir US$ 200 milhões em até 18 meses, conta o diretor Fabrício Tota à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — O Mercado Bitcoin (MB) decidiu dobrar a aposta na tokenização de ativos reais como motor de crescimento e canal de internacionalização.

A plataforma brasileira acaba de acertar uma parceria com a Ripple para levar até US$ 200 milhão - o equivalente a pouco mais de R$ 1 bilhão - em produtos tokenizados para a rede blockchain XRP Ledger (XRPL).

A aliança marca um passo estratégico do MB na tentativa de conectar empresas brasileiras a investidores institucionais estrangeiros – e deve ser um reforço no projeto de expansão internacional a partir da Europa.

A expectativa é que os US$ 200 milhões sejam emitidos no intervalo entre 12 e 18 meses. O acordo prevê a possibilidade de extensões.

O modelo desenvolvido pelo Mercado Bitcoin tokeniza ativos do mundo real (RWAs), incluindo instrumentos de renda fixa e variável, como recebíveis, títulos de dívida corporativa (debêntures, notas comerciais), cotas de fundos estruturados, consórcios e contratos performados.

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Atualmente, a plataforma tem feito mais de R$ 100 milhões por mês - em maio, no mês de maior volume até aqui, movimentou R$ 125 milhões. No total, 435 produtos foram lançados em emissões que totalizaram 1,4 bilhão.

O tíquete médio é de R$ 3.000 para o investidor de varejo e de R$ 30.000 para aqueles de alta renda.

“O que estamos fazendo não é laboratório, não é teste, não é piloto. É uma área de negócios com metas ambiciosas e objetivos audaciosos, com muitas pessoas envolvidas e que vem dando resultado”, afirmou Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, em entrevista à Bloomberg Línea.

A divisão de tokenização de ativos nasceu em 2019 e ganhou tração nos últimos anos, período em que o universo cripto passou a ser mais conhecido - e regulado.

Essa frente de negócios já representa entre 10% a 20% das receitas do MB, a depender do mês. Os outras duas unidades são a exchange (corretora) e a de banking.

O acordo com a Ripple, com a qual o MB já tem um histórico de parceria em soluções de pagamentos internacionais entre Brasil e Portugal e que levou à listagem no país da RLUSD, stablecoin institucional da companhia, procura impulsionar esse movimento.

Na prática, o acordo prevê o uso da XRPL – rede descentralizada da Ripple utilizada por mais de 70 bancos centrais e instituições financeiras – como infraestrutura para a emissão de novos tokens.

“Para nós, houve sentido criarmos alguma coisa em conjunto e acertarmos um acordo para levar nossos ativos tokenizados e novas emissões que iremos fazer daqui para a frente também para a rede da Ripple”, afirmou Tota.

Os produtos que serão levados à XRPL priorizam emissões que dialoguem com investidores de perfil mais institucional e ainda operações lastreadas em dólar, como uma recente emissão feita para a startup de transporte de cargas Billor, criada pelo brasileiro Jardel Cardoso.

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Ativos mais nichados devem continuar sendo emitidos domesticamente.

O acordo com a Ripple ocorre em um momento em que o MB procura avançar na Europa, que está em processo de implementação do Regulamento de Mercados de Criptoativos (MiCA) para todos os países dentro da União Europeia.

Reinaldo Rabelo, CEO da plataforma, se mudou para Portugal para acelerar a presença na região.

“É uma mudança que vai destravar muito potencial quando nós fizermos essa conversão, com a mudança de Portugal para a Europa toda”, disse Tota.

O MB tem feito uma agenda de aproximação com agentes locais dos universos cripto e tradicional para analisar potenciais caminhos para a distribuição dos ativos.

Além da Europa, o MB começa a olhar também para os Estados Unidos, diante da visão pró-criptoativos do governo de Donald Trump.

“O mercado americano era fechado até este ano, mas começa a ficar mais interessante”, afirmou o executivo.

”Sem dúvida alguma, será um caminho na estratégia de crescimento”. O Mercado Bitcoin não prevê atuação direta na maior economia do mundo, e, sim, por meio de parceiros, e a Ripple contribui com essa “credencial” de validação.

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