Moraes abre investigação sobre ‘insider trading’ em câmbio antes de tarifas

Movimentações atípicas com o real às vésperas do anúncio das tarifas dos EUA por Donald Trump há duas semanas levantam suspeitas de autoridades de uso de informação privilegiada

Moraes
Por Daniel Carvalho
22 de Julho, 2025 | 07:32 AM

Bloomberg — O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ordenou uma investigação sobre possíveis negociações com informações privilegiadas nos mercados de câmbio do Brasil em torno do anúncio das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.

Moraes emitiu a ordem na segunda-feira em resposta a um pedido do Procurador-Geral do Brasil, com base em relatos da mídia local de transações cambiais significativas pouco antes e depois do anúncio oficial das tarifas em 9 de julho.

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O procurador-geral disse que os movimentos cambiais sugeriam “possível uso de informações privilegiadas (insider trading) por pessoas físicas ou jurídicas”.

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O real começou a se enfraquecer por volta das 13h30 (horário de Brasília) do dia 9 de julho, depois que o presidente Donald Trump disse que o Brasil não tinha sido bom para os EUA e avisou que as tarifas eram iminentes.

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Três horas depois, ele enviou uma carta ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando uma taxa de 50% sobre as exportações brasileiras, fazendo com que a moeda caísse ainda mais.

As alegações de uso de informações privilegiadas também se tornaram parte de uma investigação sobre se Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente conservador, usou a ameaça de tarifas para pressionar o tribunal.

Desde que se mudou para os EUA em março, Eduardo tem se reunido com funcionários do governo americano em Washington, tentando persuadi-los a impor sanções aos membros do judiciário brasileiro.

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Moraes está supervisionando todos os casos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho no tribunal superior. A posição o colocou em rota de colisão com Trump, que exigiu que as autoridades brasileiras retirassem as acusações contra ele por uma suposta tentativa de golpe.

Em vez disso, Moraes ordenou na sexta-feira que Bolsonaro usasse um monitor de tornozelo e o impediu de usar as mídias sociais, entre outras restrições. Na segunda-feira, ele emitiu uma ordem de acompanhamento esclarecendo que as entrevistas do ex-presidente não podem ser retransmitidas nas mídias sociais.

--Com a ajuda de Vinícius Andrade e Augusto Decker.

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