Bloomberg — A Legacy Capital elevou a exposição a ativos brasileiros com a perspectiva favorável dos mercados internacionais e a “continuidade de um cenário de popularidade adverso” para o atual governo, o que reduz as chances de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.
A gestora afirmou em carta mensal de gestão que está posicionada para ganhar com a queda dos juros, além de comprada na bolsa brasileira.
A Legacy citou a iminência de sinais de desaceleração da atividade econômica doméstica como uma das razões para elevar a posição em Brasil. “Há sinais crescentes de desaceleração”, disse o fundo, citando perda de tração do crédito e queda de índices de confiança da maioria dos setores e indicadores de alta frequência de serviços.
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Também apontou que manteve a posição vendida em dólar contra uma cesta de moedas não especificadas, em um contexto de baixa inflação, crescimento contido e sem perspectiva de recessão, o que contribui para melhores preços de ativos de risco.
Na avaliação da gestora, o governo procurará em algum momento encontrar um conjunto de novas receitas e mesmo de cortes de despesa, em substituição às receitas perdidas.
Diante da relação desgastada com o Congresso, “nos parece difícil que o governo busque, nos próximos meses, um novo aumento de benefícios sociais que buscasse, eventualmente, mitigar sua vulnerabilidade na eleição de 2026”, disse a Legacy.
No exterior, a gestora aponta que o Fed tem dado sinais de que poderá cortar os juros em setembro, diante da inflação contida e desaceleração do mercado de trabalho. O cenário de baixa inflação, crescimento moderado e menor volatilidade deprecia o dólar e favorece os ativos de risco, segundo a Legacy.
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Banco Central
Para o fundo, há a possibilidade de o Banco Central iniciar um ciclo de cortes de juros na última reunião do ano, caso o cenário de desaceleração da atividade que a gestora considera se materialize.
Além disso, a inflação tem exibido dinâmica melhor do que as expectativas na base mensal, com queda das médias móveis dos núcleos — que excluem itens voláteis da inflação — e dos componentes de serviços nas divulgações mais recentes.
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“A apreciação do câmbio e o melhor comportamento da inflação de bens têm, também, contribuído para esta melhora”, disse a Legacy. A gestora informou que voltou a reduzir as projeções de inflação, para 5,0% em 2025, e 4,5% em 2026.
Já as estimativas para PIB se mantiveram inalteradas para 2025, com expectativa de alta de 2,5%, mas aumento da perspectiva de desaceleração no segundo semestre.
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