Cortes de despesas precisam chegar a ‘pelo menos’ R$ 60 bi, estimam analistas do Itaú

Segundo analistas do banco, redução de despesas é necessária para garantir o equilíbrio das contas públicas e fazer frente à percepção de risco que tem pressionado o dólar e os juros

Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido cobrado para fazer um ajuste para e lidar com o crescimento acelerado das despesas
11 de Novembro, 2024 | 05:16 PM

Bloomberg Línea — Analistas da equipe de pesquisa econômica do Itaú Unibanco estimam que o governo precisaria fazer um corte de despesas de “pelo menos” R$ 60 bilhões para garantir o equilíbrio das contas públicas, no momento em que a percepção de risco fiscal elevado tem pressionado o dólar e os juros no país.

Em relatório divulgado na sexta-feira (8), os economistas do banco calculam que seria necessário um ajuste de R$ 25 bilhões para 2025 e de R$ 35 bilhões em 2026, totalizando R$ 60 bilhões, para garantir uma confiança maior na sustentabilidade do arcabouço fiscal e reduzir a percepção de risco.

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“Entendemos ser importante conjugar essas medidas com impacto de curto prazo que garantam o cumprimento do arcabouço em 2026 com mudanças estruturais que garantam um crescimento menor de despesas no médio prazo, com redução de indexações e vinculações das despesas públicas, além de reforça a transparência e credibilidade das regras fiscais”, afirmam os analistas no relatório.

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido cobrado para fazer um ajuste e lidar com o crescimento acelerado das despesas, impulsionados principalmente por gastos com a Previdência Social e programas sociais.

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O presidente tem se reunido nos últimos dias com ministros para definir um plano de corte de gastos, mas a demora do governo em fazer um anúncio das medidas tem frustrado agentes do mercado, pressionando o dólar e os juros.

Na visão do Itaú, a arrecadação do governo tem sido forte, mas as despesas obrigatórias têm crescido acima do limite do arcabouço fiscal, que é de 2,5% acima da inflação. Para os analistas, o ritmo de expansão dos gastos impede o cumprimento das metas fiscais até 2026 e dificulta uma convergência do resultado primário.

O Itaú prevê que o Brasil deve encerrar o ano com um déficit primário de 0,4% do PIB, maior do que a meta do governo de a manter o resultado negativo em até 0,25% do PIB.

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Em setembro, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 7,3 bilhões, segundo dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira. O resultado ficou menor do que o previsto pelo Itaú, de R$ 9,2 bilhões.

Em 12 meses, o resultado primário consolidado acumula déficit de 2,2% do PIB, menor do que os 2,3% registrados até setembro. A dívida bruta do governo geral caiu para 78,3% do PIB em setembro, ante 78,5% no mês anterior.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.