Bloomberg — As ações do Banco do Brasil têm encontrado algum alívio após meses de fortes perdas, enquanto investidores apostam que uma medida provisória anunciada pelo governo com foco na inadimplência no agronegócio ajudará a conter as consequências para a massiva carteira de empréstimos rurais do banco.
As ações subiram cerca de 8,2% desde que o governo anunciou a MP em 5 de setembro, que autoriza novas fontes de financiamento para quitar ou reduzir dívidas agrícolas.
A alta se compara a um avanço de 3% no Ibovespa no mesmo período, e ajudou a diminuir para cerca de 25% uma queda dos papéis que começou em maio, quando o banco divulgou os resultados do primeiro trimestre e retirou as projeções dadas no início do ano.
A partir da nova medida do governo, o analista do Citi Gustavo Schroden elevou a recomendação das ações de neutra para compra na quarta-feira.
“Uma adição relevante ao programa poderia normalizar o custo de risco do Banco do Brasil, o que poderia se traduzir em lucros maiores do que as estimativas de consenso para 2026”, disse Schroden em um relatório.
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Em resposta a dificuldades nas safras devido a questões climáticas e às altas taxas de juros, o governo lançou uma linha de crédito com garantia do Tesouro Nacional de R$ 12 bilhões para ajudar a renegociar as dívidas do setor do agronegócio.
Espera-se que outros R$ 20 bilhões venham de recursos próprios dos bancos, onde cada real renegociado se traduzirá em um crédito tributário que poderá ajudar a aliviar as pressões de capital.
O Banco do Brasil espera ser beneficiário de cerca de metade da linha com garantia do Tesouro Nacional, dado que atende a metade dos produtores rurais a quem a medida é direcionada, disse a presidente do banco, Tarciana Medeiros, em uma entrevista ao Broadcast.
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“Entendemos que esses últimos anúncios podem ser bastante favoráveis para o Banco do Brasil”, escreveram analistas do Banco BTG Pactual liderados por Eduardo Rosman em relatório de 9 de setembro.
Apesar da recente alta nas ações, a relação preço/valor patrimonial do Banco do Brasil ainda está abaixo do de seus pares do setor privado.
O Banco do Brasil tem passado por meses difíceis. O que começou como uma ameaça a um de seus principais negócios foi agravado por tensões políticas.
Os problemas se agravaram depois que o governo americano aplicou a Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), adicionando ainda mais incerteza ao Banco do Brasil. O banco estatal administra a folha de pagamento de funcionários do governo federal, incluindo Moraes.
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