AGU pede investigação de ‘insider trading’ no mercado de câmbio sobre tarifas dos EUA

O pedido ocorre após relatos na imprensa de transações cambiais significativas antes e depois do anúncio oficial das tarifas, de acordo com um comunicado do Ministério Público

Brasília (DF), 03/11/2023, Prédio da AGU. Fachada da Advocacia Geral da União. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Por Augusto Decker
20 de Julho, 2025 | 05:01 PM

Bloomberg — A Advocacia-Geral da União (AGU) busca investigar possível uso de informação privilegiada - insider trading - no mercado de câmbio do país em decorrência do anúncio de tarifas americanas sobre produtos brasileiros.

O pedido ocorre após relatos na imprensa local de transações cambiais significativas antes e depois do anúncio oficial das tarifas, “sugerindo possível uso de insider trading por pessoas físicas ou jurídicas”, de acordo com um comunicado do Ministério Público.

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A AGU solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que inclua as alegações de uso de informação privilegiada como parte de seu inquérito sobre Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se mudou para os Estados Unidos e pressionou por uma ação contra o STF.

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O inquérito investiga se o filho de Bolsonaro utilizou tarifas internacionais para tentar coagir o sistema judiciário brasileiro.

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O pedido é a mais recente medida em uma crescente disputa entre os governos brasileiro e americano. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no início deste mês uma tarifa de 50% sobre as importações do Brasil, que entraria em vigor em 1º de agosto.

Trump citou o tratamento dado a Jair Bolsonaro e exigiu que as autoridades retirassem as acusações contra ele por uma suposta tentativa de golpe, no que foi apontado pelo governo brasileiro e de outros países como uma tentativa indevida de interferência em uma das maiores democracias do mundo.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu dizendo que seu país não será “acompanhado” e que responderia a aumentos unilaterais de tarifas usando a Lei de Reciprocidade Econômica do Brasil, aprovada em abril.

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A pedido do STF, a Polícia Federal cumpriu mandados na casa de Bolsonaro em Brasília na sexta-feira (18) e para colocar uma tornozeleira eletrônica no ex-presidente. Ele foi proibido de usar as redes sociais e terá que cumprir um toque de recolher noturno em sua casa.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, citou o risco de fuga e a obstrução da justiça como justificativas para suas medidas. Mais tarde, naquele mesmo dia, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou que havia revogado o visto americano de Moraes, seus parentes próximos e “aliados no tribunal”.

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