Bloomberg Línea — A JBS (JBSS3) reportou lucro de US$ 581 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
A receita líquida no período foi de US$ 22,6 bilhões, ante US$ 19,9 bilhões um ano antes, o que se traduziu em crescimento de 13%. O Ebitda ajustado (IFRS) - métrica de geração de caixa operacional - caiu 15%, para US$ 1,835 bilhão, e a margem consolidada passou de 10,8% para 8,1%.
A retração nas margens refletiu, principalmente, o impacto do ciclo de oferta restrita de gado nos Estados Unidos, que elevou custos e pressionou o desempenho da divisão de bovinos na América do Norte, a JBS Beef North America.
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A unidade americana de carne bovina somou receita recorde de US$ 7,2 bilhões ante US$ 6,3 bilhões um ano antes, mas o Ebitda ajustado reverteu o dado positivo de um ano antes e ficou negativo em US$ 42 milhões.
Segundo o balanço financeiro divulgado na noite desta quinta-feira (13), a combinação de oferta historicamente baixa de gado, preços elevados e competição acirrada por animais continuou a desafiar a operação.
“O trimestre comprova a força e a consistência da nossa plataforma global multiproteína, e, mais importante, como a operamos com disciplina e agilidade”, afirmou, em nota, Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS.
A escassez de oferta na divisão americana pode ser explica pelas secas e pelo abate elevado de fêmeas, que reduziram o rebanho nos últimos anos.
Com menos animais disponíveis para abate, o preço do gado sobe e os frigoríficos enfrentam margens mais pressionadas - nesta semana, o CEO da MBRF disse que a companhia enfrentava ‘a pior parte do ciclo pecuário’ nos EUA.
Na divisão americana de suínos, a receita cresceu 8,7% em relação a um ano antes, para US$ 2,2 bilhões. O Ebitda caiu 11,5%, para US$ 218 milhões.
Na Pilgrim’s Pride, o Ebitda foi de US$ 770 milhões, com margem de 16,2%, resultado praticamente estável em relação ao ano anterior.
Segundo a JBS, a forte demanda por carne de frango e a estratégia de apostar em produtos de maior valor agregado contribuíram com o resultado.
Na operação brasileira, a receita somou US$ 4,1 bilhões no trimestre, avanço de 27,7% no período, com impulso do aumento de volume e de preços nas exportações e do maior valor dos produtos no mercado interno.
A margem Ebitda da unidade, porém, caiu 4,4 pontos percentuais para 7,4%, diante do avanço expressivo nos custos de gado.
A Seara registrou o maior volume de exportações da sua história com a abertura de novos mercados - e apesar das restrições temporárias na China e na Europa após o reporte de caso de gripe aviária.
Por outro lado, o Ebitda ajustado da unidade de negócios caiu 30% no trimestre e somou US$ 323 milhões. A margem Ebitda foi de 13,7%, queda de 7,3 pontos porcentuais em relação a um ano antes.
Na Austrália, o Ebitda cresceu 42,7% no período, para US$ 249 milhões, com margem de 11,4%, ante 9,8% na base anual. O resultado foi impulsionado pelo ciclo de maior oferta de gado, o que ajudou a empresa a elevar volumes e compensar um aumento de 26% no custo do boi.
“A Austrália segue como pilar estratégico para a diversificação geográfica da JBS”, disse Tomazoni, em nota.
Fluxo de caixa
O aumento dos estoques aumentou o consumo de capital de giro da JBS, segundo o balanço financeiro.
“Consequentemente, o fluxo de caixa livre ficou mais pressionado, e a alavancagem encerrou o trimestre em 2,39 vezes, em linha com nossa meta financeira de longo prazo”.
O free cash flow ficou em US$ 383 milhões, retração de 61% em relação aos US$ 994 milhões de um ano antes. A alavancagem terminou o trimestre em 2,39 vezes, dentro da meta de longo prazo.
A empresa informou que mantém uma postura disciplinada em alocação de capital e foco em crescimento de longo prazo, com foco em investimentos, produtos de valor agregado e diversificação geográfica.
“A demanda global por proteína continua em expansão, e a JBS está pronta para capturar esse crescimento com um portfólio equilibrado e visão de longo prazo”, disse Tomazoni, em nota.
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