Importações de soja da China batem recorde, e Brasil se beneficia de boicote aos EUA

País importou um total de 86 milhões de toneladas de janeiro a setembro, um aumento de 5,3% em relação ao ano anterior, enquanto evita suprimentos americanos e fortalece compra de remessas brasileiras

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Bloomberg — As importações de soja da China atingiram um recorde para o mês de setembro, enquanto o país evitou suprimentos dos EUA em meio ao ressurgimento das tensões comerciais entre as potências agrícolas.

O maior comprador mundial importou 12,9 milhões de toneladas de soja em setembro, o maior valor já registrado para aquele mês, segundo dados da alfândega do país.

As esmagadoras chinesas têm reforçado o fornecimento da oleaginosa com remessas provenientes principalmente do Brasil e, enquanto isso, evitam as cargas dos EUA, já que as altas tarifas e os riscos políticos tornam o comércio inviável.

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As chegadas de setembro também se aproximaram do nível mensal mais alto de todos os tempos, registrado em maio, e elevaram o total das importações nos primeiros nove meses do ano para 86,18 milhões de toneladas, um aumento de 5,3% em relação ao ano anterior, de acordo com os dados.

Essa ampla oferta dá aos esmagadores chineses um amortecedor confortável e exerce ainda mais pressão sobre os agricultores americanos, que agora estão colhendo uma safra com seu principal cliente voltado para outro lugar.

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O fato de a China evitar a soja dos EUA pesou sobre os futuros de Chicago, que caíram em três das últimas quatro semanas. O contrato mais ativo na segunda-feira teve pouca alteração.

A prolongada guerra comercial entre os EUA e a China sofreu outra reviravolta na semana passada, depois que Pequim impôs amplos controles de exportação sobre produtos contendo terras raras.

Em resposta, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou cancelar uma reunião há muito esperada com o presidente chinês Xi Jinping e impor tarifas de 100% sobre os produtos chineses.

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Posteriormente, a Casa Branca adotou um tom conciliatório, sinalizando abertura para novas negociações e alertando que as medidas da China continuam sendo um grande obstáculo para qualquer acordo.

A escalada mais recente obscurece ainda mais as perspectivas de um acordo comercial bilateral que poderia levar Pequim a retomar as compras de soja dos EUA.

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