China reduz compras de soja dos EUA mesmo após trégua comercial, dizem fontes

Traders disseram à Bloomberg News que os embarques de soja dos EUA para a China caíram, apesar da meta de 12 milhões de toneladas até o fim do ano

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Bloomberg — As compras de soja americana pela China parecem ter estagnado, menos de duas semanas depois que os EUA anunciaram uma ampla trégua comercial que sinalizou um degelo nas relações entre as duas maiores economias do mundo.

Depois de uma enxurrada de pedidos no final do mês passado - que foram os primeiros desta temporada - as importações chinesas de cargas dos EUA parecem ter vacilado, de acordo com traders que falaram à Bloomberg News e que pediram para não serem identificados por estarem discutindo informações confidenciais.

Eles disseram que não tinham conhecimento de novos embarques. A pausa está alimentando a incerteza sobre se o maior consumidor de soja americana importará tanto quanto o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, afirma esperar.

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Washington disse que Pequim havia se comprometido a comprar 12 milhões de toneladas de soja até o final deste ano, seguidas de 25 milhões de toneladas anuais nos próximos três anos.

A China ainda não confirmou os compromissos específicos de compra mencionados pela equipe de Trump, mas Pequim reduziu as tarifas sobre a soja americana e suspendeu as proibições de importação de três exportadores americanos, incluindo a CHS, retribuindo ações conciliatórias semelhantes dos EUA.

“No setor, muitos consideram o compromisso divulgado pela China de comprar 12 milhões de toneladas de soja dos EUA mais um gesto diplomático do que um acordo comercial firme”, disse Kang Wei Cheang, da consultoria StoneX, em Cingapura.

A China passou os últimos meses comprando grandes quantidades de grãos sul-americanos em uma tentativa de diversificar suas fontes.

Portanto, espera-se que a demanda chinesa seja menor nos próximos meses, independentemente de qualquer acordo comercial com os EUA, de acordo com Vitor Pistoia, analista sênior de grãos e sementes oleaginosas do Rabobank.

As esmagadoras chinesas precisarão cobrir alguns embarques de dezembro-janeiro antes que os suprimentos da nova safra do principal exportador, o Brasil, fiquem disponíveis, mas espera-se que sejam apenas alguns milhões de toneladas, de acordo com algumas estimativas do setor.

Isso ainda colocaria a necessidade de cargas dos EUA bem abaixo da meta de compra para este ano citada por Washington.

Além disso, a soja dos EUA ainda enfrenta uma tarifa de 13%, de acordo com os traders, e processá-la resultaria em grandes perdas, deixando os esmagadores comerciais chineses com pouco incentivo para reservar cargas americanas.

A soja dos EUA também está sendo negociada com um prêmio em relação aos grãos da América do Sul, de acordo com Cheang, da StoneX, em parte devido ao salto nos preços após o anúncio do acordo comercial.

Com a temporada de plantio do Brasil progredindo normalmente e com a previsão de fornecimento de novas safras entre o final de janeiro e o início de fevereiro, os compradores chineses estão relutantes em garantir grandes volumes dos EUA para embarque em curto prazo, acrescentou.

As recentes compras de soja dos EUA foram feitas pelas empresas estatais da China, com uma grande parte possivelmente destinada às reservas estatais, disseram os traders. Para os compradores comerciais, a trégua comercial reabriu o campo para os suprimentos americanos, que agora precisam competir com o Brasil por uma janela de vendas que está desaparecendo rapidamente.

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