Café no alvo: preço dispara 3% em NY com tarifa de 50% dos EUA contra o Brasil

Contratos futuros de grão arábica operavam sob pressão nesta quinta diante de perspectiva de encarecimento do maior produtor do mundo

Grãos de café torrados
10 de Julho, 2025 | 11:32 AM

Bloomberg Línea — O preço internacional do café opera em altas nesta quinta-feira (10) em reação às novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ao Brasil.

O presidente americano anunciou que os EUA aplicará uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto, uma medida que afetará setores-chave como os de aço, máquinas, aeronaves e também produtos agrícolas como o café — um dos principais itens de exportação do Brasil para a América do Norte.

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Segundo Trump, todos os produtos brasileiros estarão sujeitos às tarifas, sem exceção.

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Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump afirmou que o julgamento contra Jair Bolsonaro “não deveria ocorrer” e o classificou como “uma caça às bruxas”. Lula respondeu que “qualquer movimento unilateral para elevar tarifas será respondido conforme a Lei de Reciprocidade Econômica do Brasil”.

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O café arábica em Nova York chegou a subir mais de 3% nesta manhã, sendo negociado a US$ 2,94. Por volta das 8h34 (horário de Nova York), o avanço perdeu força.

Ryan Cummings, chefe de gabinete do Stanford Institute for Economic Policy Research, destacou que “os Estados Unidos têm um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil, país que também fornece 35% de todos os grãos de café consumidos pelos EUA”.

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O analista acrescentou que “o Brasil também é um grande mercado para o petróleo bruto e equipamentos de aviação dos Estados Unidos”, o que torna provável que uma tarifa desse nível “seja sentida quase imediatamente por consumidores e empresas norte-americanas”.

Segundo analistas do UBS, “se a tarifa de 50% for mantida, representará um choque negativo para a economia brasileira, embora de magnitude modesta”.

Na visão do banco, o Brasil continua sendo uma economia relativamente fechada, com exportações e importações somando apenas 28% do PIB em 2024.

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A China segue como seu maior parceiro comercial, enquanto os Estados Unidos absorvem apenas 16% das exportações totais do país — o que representa menos de 2% do PIB brasileiro.

“Ainda que as ações brasileiras possam apresentar volatilidade no curto prazo, esperamos que o impacto direto sobre a atividade econômica e os lucros corporativos seja limitado”, afirmou o UBS em relatório.

Carlos Rodríguez Salcedo (BR)

Jornalista colombiano, especializado em economia. Fui jornalista e editor do jornal La República, com experiência em questões macroeconômicas, comerciais e financeiras. Eu também trabalhei para a agência de notícias Colprensa.