Bunge prevê lucro menor que o esperado com queda dos preços de grãos

Gigante do agronegócio manteve a perspectiva de lucro para 2024 em US$ 9 por ação, menor do que a projetada pelos analistas

Empresas do setor estão sendo atingidas por preços mais baixos em meio a um aumento nos estoques globais e à queda na demanda
Por Gerson Freitas Jr.
25 de Abril, 2024 | 11:09 AM

Bloomberg — A Bunge (BG) registrou uma queda menor do que o esperado nos lucros do primeiro trimestre, mas o gigante do agronegócio disse que tinha “visibilidade limitada” à medida que o setor enfrenta uma queda nos preços dos grãos e margens de lucro mais apertadas na trituração.

O lucro por ação — excluindo algumas perdas não realizadas associadas à justa valoração de contratos a termo e inventários — caiu 6,7% em relação ao ano anterior, para US$ 3,04, informou a empresa sediada em St. Louis, Missouri, em comunicado na quarta-feira (24).

Isso se compara com a média de US$ 2,57 das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg.

A receita da Bunge no período de três meses encerrado em março encolheu mais de 12% em relação ao ano anterior, para US$ 13,4 bilhões, abaixo das projeções.

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A empresa manteve a perspectiva de lucro para 2024 em US$ 9 por ação, menor do que a projetada pelos analistas.

“Embora tenhamos tido um bom começo, continuamos a ter visibilidade limitada para a segunda metade do ano”, disse o CEO Greg Heckman em comunicado.

As ações da Bunge caíam 1,22% nesta quinta-feira (25) por volta das 11h (horário de Brasília) depois de encerrarem com queda de 3,49% na véspera. Até quarta, o papel tinha ganho acumulado de 27% em relação ao ponto mais baixo em fevereiro.

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Investidores e processadores de culturas, que nos últimos anos obtiveram enormes lucros com grandes perdas de colheitas e interrupções causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, agora estão sendo atingidos por preços mais baixos em meio a um aumento nos estoques globais e à queda na demanda.

Um aumento na capacidade de processamento de soja nos Estados Unidos também pressiona as margens para a produção de farelo e óleo, erodindo os lucros para os trituradores.

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Ainda assim, a Bunge viu os lucros em seu negócio de processamento de oleaginosas — que inclui a originação e trituração de soja e canola — aumentarem ligeiramente em relação ao ano anterior, impulsionados por resultados maiores na Europa e na Ásia.

Isso foi mais do que compensado por uma queda nos lucros das operações de comercialização, que envolvem a negociação e distribuição de grãos.

O Índice de Grãos Bloomberg, que acompanha os futuros de soja, milho e trigo, teve a média mais baixa desde 2020 no primeiro trimestre.

A desaceleração do setor ocorre num momento em que a Bunge busca expandir e diversificar ainda mais suas operações por meio da proposta de aquisição da Viterra, apoiada pela Glencore.

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A empresa disse na terça-feira que espera que o negócio de US$ 8,2 bilhões seja concluído no meio do ano, ainda que o órgão regulador antitruste do Canadá tenha levantado preocupações sobre como a combinação afetará a concorrência.

A companhia afirmou que cerca de US$ 400 milhões de suas próprias ações foram recompradas no primeiro trimestre como parte de um plano de US$ 2 bilhões.

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