BRF tem ‘semestre histórico’ apesar de efeitos da gripe aviária, diz CEO

‘Foi um trimestre desafiador. Mas, independentemente desse grande evento, entregamos um resultado sólido’, disse Miguel Gularte a jornalistas nesta quinta-feira (14). Ebitda ajustado cresceu 11% de janeiro a junho, para R$ 5,3 bilhões

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Bloomberg Línea — A BRF (BRFS3), empresa dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy, reportou lucro líquido de R$ 735 milhões no segundo trimestre, uma queda de 32,8%.

O resultado da companhia sofreu o impacto das restrições impostas às exportações brasileiras de frango após a confirmação de um caso de gripe aviária no país, em 15 de maio.

China, União Europeia e Chile seguem com os respectivos mercados fechados para a carne brasileira desde então. Segundo a empresa, as medidas reduziram em 10% o volume internacional e em 5% a receita líquida do segmento externo.

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“Foi um trimestre desafiador. Mas, independentemente desse grande evento, entregamos um resultado sólido”, disse o CEO, Miguel Gularte, em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira (14). “Tivemos um semestre histórico.”

A Arábia Saudita, importante destino para a BRF, reabriu nesta quinta-feira (14) o mercado para o frango produzido no Rio Grande do Sul.

“Uma empresa como a BRF, que fez uma série de investimentos no Oriente Médio e tem a possibilidade de voltar a exportar sua produção do Rio Grande do Sul para a região, recebe essa notícia com grande entusiasmo”, disse Gularte.

Executivos da companhia disseram que a suspensão de exportações para a China afetou especialmente cortes como asas e pés de frango, de maior valor agregado para o mercado asiático.

Alguns itens de menor valor agregado, como pontas de asas, foram destinados à graxaria da empresa, para a produção de farinha, segundo os executivos.

“Continuamos confiantes na reabertura, que deve ocorrer brevemente”, disse Gularte. O Chile deve concluir ainda neste mês a análise para reabrir seu mercado.

Além da gripe aviária, a valorização do real também pressionou os resultados da companhia no período.

O Ebitda ajustado no trimestre somou R$ 2,5 bilhões, ante R$ 2,6 bilhões no mesmo período do ano passado. A margem Ebitda foi de 16,3%, versus 17% no ano passado.

No semestre, o Ebitda ajustado avançou 11%, para R$ 5,3 bilhões.

A receita líquida do trimestre cresceu 3% e somou R$ 15,4 bilhões.

Para o vice-presidente de Finanças e RI, Fábio Mariano, a posição financeira que descreveu como “robusta” e os ganhos de eficiência permitem que a BRF atravesse o momento de restrição comercial mantendo o plano de crescimento global.

A alavancagem da empresa no trimestre, que mede o endividamento líquido e o Ebitda ajustado dos últimos doze meses, chegou a 0,43x no segundo trimestre, ante 0,54x no trimestre anterior.

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“É o menor endividamento da BRF desde 2011, quando a companhia era bastante distinta e tinha outra magnitude. Temos um nível de alavancagem que é o menor da nossa trajetória”, disse Mariano.

“Estamos preparados para capturar as oportunidades que virão com a reabertura dos mercados e manter a trajetória de geração de valor no longo prazo”, disse.

No mercado interno, a receita foi de R$ 8,1 bilhões no trimestre, avanço de 6,4% na comparação anual.

O Ebitda no Brasil subiu 9%, para R$ 1,3 bilhão, com margem de 16,4%, sustentado pelo aumento de 6% nos volumes e pela ampliação da base de clientes para mais de 330 mil pontos de venda.

No mercado internacional, a receita foi de R$ 7,3 bilhões, queda de 0,7% sobre o mesmo trimestre do ano passado, enquanto o Ebitda ajustado recuou 14%, para R$ 1,2 bilhão.

Os executivos afirmaram que, enquanto o Brasil como um todo teve recuo de 15% nas exportações de frango no trimestre, a BRF conseguiu limitar a queda a 10% graças à diversificação geográfica e ao redirecionamento de embarques para mercados como Hong Kong.

No segmento halal, a empresa disse que ampliou sua participação de mercado em processados no Golfo em 1,4% e lançou na Arábia Saudita a linha Sadia Fresh, produzida localmente em parceria com a Addoha Poultry Company.

Incorporação pela Marfrig

Em abril, a Marfrig anunciou a incorporação das ações da BRF. A nova companhia, batizada de MBRF Global Foods Company, já obteve a aprovação dos acionistas.

O negócio ainda depende do aval do Cade (Conselho Econômico de Defesa Econômica). Segundo executivos da Marfrig, a expectativa é que a conclusão deva ocorrer em setembro.