Bloomberg Línea — A BrasilAgro (AGRO3) fechou um acordo nesta segunda-feira (14) para a venda da Fazenda Preferência, localizada em Baianópolis, no oeste da Bahia, por R$ 141,4 milhões.
A propriedade estava no portfólio da empresa desde 2008 e foi adquirida, na época, por R$ 10,7 milhões.
Segundo a companhia, a operação reforça a estratégia de rotacionar o portfólio por meio da venda de ativos com menor liquidez após passarem por ciclos completos de desenvolvimento.
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“Essa venda reforça nossa capacidade de transformar ativos e capturar valor de forma eficiente. A Fazenda Preferência passou por um ciclo completo de desenvolvimento e agora gera retorno atrativo, mesmo em um cenário de maior seletividade no mercado”, afirmou, em nota, Gustavo Javier Lopez, CFO e diretor de relações com investidores da companhia.
Desde a aquisição da propriedade, a companhia investiu R$ 23,9 milhões, e o valor contábil registrado nos livros da empresa passou a somar R$ 34,7 milhões.
Segundo o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a transação foi equivalente a 452.342 arrobas de boi gordo, ou cerca de 36,44 arrobas por hectare útil, com preço mínimo garantido de R$ 309,50 por arroba.
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O pagamento será feito de forma parcelada: R$ 2 milhões já foram pagos no ato da compra, R$ 40 milhões até 31 de julho deste ano, e o restante será dividido em seis parcelas anuais. A empresa não divulgou quem foi o comprador.
Com base nas condições da operação, a BrasilAgro espera uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 9,3% ao ano.
Nos últimos cinco anos, a BrasilAgro movimentou mais de R$ 2 bilhões com a venda de fazendas, mantendo uma média de R$ 400 milhões por ano em transações imobiliárias.
“O mercado de terras é cíclico e exige uma gestão criteriosa. Nossa estratégia sempre foi aproveitar os momentos de maior demanda e liquidez para vender, buscando capturar as melhores oportunidades”, disse Lopez.
No fechamento desta segunda, os papéis da companhia encerraram o pregão cotados a R$ 20,45, queda de 1,68%. No ano, o recuo é de 8%.
M&A
Em fevereiro deste ano, o CEO, André Guillaumon, disse à Bloomberg Línea que a empresa tinha planos de diversificar as operações e expandir sua atuação no Paraguai.
“Estamos otimistas com o potencial da região, que ainda oferece terras boas a preços atrativos”, afirmou um executivo durante a teleconferência no início do ano.
Em relação ao arrendamento, a companhia destacou que, embora os preços já tenham recuado em algumas regiões, ainda não atingiram níveis que justifiquem uma expansão significativa.
Atualmente, cerca de 35% da área operada pela BrasilAgro é arrendada, enquanto os 65% restantes são terras próprias.
Segundo o CEO, em um cenário de juros altos, o arrendamento funciona como uma forma de alavancagem. Além disso, a estrutura legal brasileira, que exige contratos de três a cinco anos, torna mais lento o ajuste de preços nesse tipo de operação.
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