Energia solar perde fôlego no mundo e deve desacelerar pela 1ª vez em duas décadas

Segundo projeção da BloombergNEF (BNEF), mundo deve adicionar 649 gigawatts de capacidade solar em 2026, ligeiramente abaixo de 2025; recuo é influenciado por mudanças na China e nos EUA

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Bloomberg — As instalações de novos projetos de energia solar devem desacelerar no próximo ano pela primeira vez desde que o setor se consolidou como uma força global, há duas décadas, à medida que mudanças de política e a saturação em grandes mercados arrefecem a demanda.

O mundo deve adicionar 649 gigawatts de capacidade solar em 2026, ligeiramente abaixo de 2025, segundo o relatório Global PV Market Outlook, da BloombergNEF (BNEF).

O crescimento deste ano é o mais fraco em sete anos, e a retração projetada para o próximo será a primeira desde o início da série histórica, em 2000.

“A indústria solar está entrando em uma fase de baixo crescimento após anos de rápida expansão”, afirmou a BNEF no relatório.

O recuo é influenciado por uma série de mudanças de política na China e nos Estados Unidos, que esfriaram o avanço da demanda, acrescentou a consultoria.

Outros mercados, embora preparados para crescer com força no próximo ano, não conseguirão compensar o impacto significativo provocado pelas duas maiores economias do mundo.

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A perspectiva é especialmente negativa para os fabricantes chineses de painéis solares, que já enfrentam excesso de capacidade e prejuízos.

Uma política de preços baseada no mercado para fontes renováveis, introduzida em junho, provocou uma corrida por instalações no primeiro semestre deste ano e levou a uma desaceleração acentuada em seguida.

A BNEF reduziu sua projeção de instalações na China em 2025 em 9%, para 372 gigawatts, seguida por uma contração de 14% em 2026.

O mercado dos Estados Unidos também deve desacelerar em ritmo semelhante, em razão dos esforços do presidente Donald Trump para limitar a expansão das renováveis e redirecionar a política energética para os combustíveis fósseis.

Outros mercados maduros, como Espanha e Brasil, também perdem fôlego. Esses países passaram por uma rápida expansão da capacidade solar, o que resultou em maior curtailment (cortes de geração), queda nos preços da energia e aumento da incerteza, fatores que começam a frear a atividade de investimentos.

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Os preços ao longo de toda a cadeia de valor devem permanecer em níveis historicamente baixos até 2026, diante de uma perspectiva de demanda mais fraca e de “uma quantidade sem precedentes de capacidade de manufatura e estoques”, segundo o relatório.

O polissilício ilustra bem esses desafios. Os preços desse insumo essencial na China seguem baixos de forma geral, mesmo após os esforços de consolidação do setor resultarem em uma alta de 50% desde junho.

O segmento, altamente saturado, terá pouco espaço para uma recuperação relevante de preços à medida que a demanda diminui.

Ainda assim, as instalações solares devem voltar a apresentar crescimento “modesto” já em 2027, conforme China e Estados Unidos se ajustem às novas condições de oferta e demanda e novos mercados ganhem escala. O total de instalações naquele ano deve alcançar 688 gigawatts, afirmou a BNEF.

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