Referência mundial na transição energética, o Brasil já tem mais de 50% da matriz energética renovável e cerca de 90% da matriz elétrica limpa, com fontes hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa. Os dados são do Balanço Energético Nacional (BEN) 2025, divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Grande parte desse pioneirismo se deve aos biocombustíveis, que são peça-chave na liderança da descarbonização em escala global.
“O futuro dos biocombustíveis será verde, digital e inclusivo. E o Brasil está pronto para liderá-lo”, afirma Fábio Koga, diretor de Electrification & Automation da Siemens Brasil.
O país é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com 37,4 bilhões de litros na safra 2024/2025, segundo dados recentes divulgados pelo Ministério da Agricultura.
O etanol brasileiro é reconhecido pela baixa intensidade de carbono e pelos rigorosos padrões de rastreabilidade relacionados à sustentabilidade em todo o ecossistema produtivo. O setor atende às exigências ambientais mais rigorosas, tanto a nível nacional quanto internacional.
Do total produzido na safra mais recente, 14,5 bilhões de litros vieram do milho, que se tornou protagonista da matriz energética brasileira e cuja produção registra crescimento acelerado nos estados do Centro-Oeste, com destaque para o Mato Grosso.
Uma das grandes vantagens do uso de milho é que há garantia de fornecimento contínuo, dado que permite duas safras por ano e pode ser estocado por até dois anos.
Neste contexto, a expectativa de especialistas do setor é que o etanol de milho represente 40% da produção nacional até 2030, impulsionado por investimentos em tecnologia e expansão da capacidade produtiva.
Além da forte produção, mudanças regulatórias também contribuem para o Brasil ocupar a posição de potência na transição energética.
É o caso da sanção da Lei do Combustível do Futuro, que ampliou em outubro de 2024 as misturas obrigatórias de etanol na gasolina (de 27% para 30%) e de biodiesel no diesel (de 14% para 15%), além de criar incentivos ao uso de biometano, diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF).
A nova legislação representou um marco histórico na transição energética brasileira e tem potencial de atrair bilhões de reais em investimentos e gerar milhares de empregos no país.
Produzido a partir de fontes renováveis como óleos vegetais e etanol de cana ou milho, o SAF (Sustainable Aviation Fuel) é um combustível alternativo ao querosene convencional com potencial de reduzir em até 80% as emissões de carbono da aviação.
Com a Lei do Combustível do Futuro, o Brasil assume a vanguarda do SAF, estabelecendo metas de uso progressivo na mistura com o querosene convencional (de 1% em 2027 e de 10% em 2037), apoiado em matérias-primas como etanol de cana e milho, óleos vegetais e resíduos agrícolas.
A produção nacional aproveita a expertise brasileira em biocombustíveis, garantindo um combustível mais verde e competitivo para o futuro da aviação. Para isso avançar ainda mais, contudo, é necessário o investimento em tecnologia de ponta, para que soluções em eletrificação, automação e gestão energética possam tornar as plantas de biocombustíveis mais eficientes, conectadas e sustentáveis.
Nesse contexto, a Siemens Brasil se destaca ao oferecer tecnologias que ajudam a reduzir perdas, otimizar processos e garantir rastreabilidade — elementos essenciais para atender às exigências de certificação ambiental e atrair capital internacional.
A produção de etanol de milho, por exemplo, exige controle preciso de temperatura, fermentação e destilação. Com sistemas integrados de automação e análise de dados em tempo real, é possível aumentar a produtividade e reduzir o consumo energético. Além disso, a digitalização permite que usinas operem com maior previsibilidade e segurança, mesmo em cenários de alta demanda ou variação climática.
É o caso, por exemplo, dos painéis de média e baixa tensão da Siemens, que permitem a construção de “power houses” industriais mais enxutas, seja em eletrocentros ou estruturas de alvenaria.
Essa otimização não apenas reduz o investimento em bens de capital (Capex) como contribui diretamente para a diminuição das emissões, viabilizando biorefinarias mais sustentáveis e alinhadas às exigências da nova economia.
“O Brasil tem uma oportunidade única de unir inovação, sustentabilidade e competitividade. O país tem o território, a biodiversidade, a capacidade produtiva e a ciência. Historicamente foi precursor dos biocombustíveis e possui enorme potencial de produção de SAF e de integração de hidrogênio verde. Com parcerias estratégicas, o Brasil pode se tornar o pólo mundial da bioenergia sustentável”, completa Koga.

