Crescem iniciativas para proteger a biodiversidade em um contexto de degradação global

Relatórios ambientais, tecnologia para monitoramento e avaliações regulares estão entre medidas adotadas pelo setor privado para ampliar a conscientização e proteger a biodiversidade

O que aconteceria se uma em cada oito espécies do planeta desaparecesse? Essa não é uma hipótese distante, mas uma realidade em curso. Cerca de 1 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, e 85% das zonas úmidas já desapareceram. Por trás desses números, há um alerta: o equilíbrio natural que sustenta a vida humana e a economia global está em risco.

Da fertilidade do solo à purificação da água, da polinização à regulação de doenças, a biodiversidade é a base silenciosa de todos os ecossistemas e da estabilidade climática. Quando ela é degradada, todo o sistema sofre e, com ele, a agricultura, a produção de energia e até a saúde pública.

A boa notícia é que o tema nunca esteve tão presente nas agendas empresariais e governamentais. A proteção da natureza deixou de ocupar apenas o território ambiental e passou a ganhar espaço como um pilar estratégico, que mobiliza investidores, engaja consumidores e orienta decisões de negócio. A tendência é clara: a biodiversidade tornou-se pauta central de desenvolvimento.

Esse movimento ganhou novo impulso a partir de 2022, com a adoção do Quadro Global para a Biodiversidade (GBF) por 196 países. O acordo estabelece 23 metas até 2030 e quatro objetivos de longo prazo até 2050 — um pacto internacional para travar e reverter a perda de biodiversidade antes que seus efeitos se tornem irreversíveis.

O Brasil, sede da COP30 em Belém, ocupa uma posição singular nesse cenário. Detentor de uma das maiores biodiversidades do planeta e de ampla capacidade de produção de biomassa, o país reúne condições únicas para liderar políticas públicas e soluções tecnológicas que conciliem crescimento e conservação. É também um ambiente fértil para empresas que buscam inovar na direção de um futuro mais equilibrado.

Um estudo de biodiversidade da Siemens mostra que líderes mundiais se comprometeram, em fevereiro de 2025, a destinar US$ 200 bilhões anuais até 2030 para a criação de um mecanismo permanente de financiamento da natureza. Recursos desse porte são decisivos para ampliar ações práticas de conservação e acelerar o desenvolvimento de tecnologias que tornem o monitoramento ambiental mais preciso, acessível e contínuo.

A tecnologia, aliás, tornou-se uma aliada poderosa da conservação. Drones, sensores remotos, câmeras inteligentes e sistemas baseados em inteligência artificial já oferecem um olhar detalhado sobre ecossistemas complexos, permitindo acompanhar transformações em tempo real.

A análise de grandes volumes de dados sobre fauna, flora, clima e uso da terra também revela padrões ocultos e antecipa riscos, o que permite agir antes que uma espécie entre em colapso ou que um habitat seja comprometido de forma irreversível.

Na Siemens, líder em inovação e tecnologia, os Sistemas de Informação Geográfica (GIS) são parte essencial desse movimento. A ferramenta apoia o monitoramento ambiental e a elaboração de relatórios de biodiversidade, permitindo avaliar impactos, orientar estratégias e embasar decisões com evidências.

O programa global de conservação da companhia integra KPIs aos processos operacionais e monitora continuamente a eficácia das medidas de mitigação, garantindo que a biodiversidade esteja incorporada ao dia a dia das operações.

Além das ações internas, a empresa colabora com organizações ambientais, comunidades locais e parceiros para impulsionar soluções voltadas à preservação da biodiversidade. Entre as frentes de atuação está o serviço de consultoria em biodiversidade, que apoia outras empresas na construção de estratégias baseadas na ciência, desde a avaliação de riscos e oportunidades até a definição de metas mensuráveis e planos de ação.

Ainda assim, o desafio é imenso. Estudos da Universidade de Oxford indicam que a perda de biodiversidade e a degradação dos ecossistemas podem gerar impactos econômicos de até US$ 5 trilhões. A urgência é clara: sem intervenção, o declínio dos recursos naturais pode desencadear choques econômicos e sociais profundos, afetando cadeias produtivas inteiras.

A escala da crise exige cooperação global e ação coordenada entre governos, empresas e sociedade civil. Integrar a biodiversidade às decisões de negócio, investir em soluções baseadas na natureza e fortalecer parcerias são passos fundamentais para reverter a trajetória atual.

Proteger a biodiversidade, portanto, é parte central da gestão de riscos ambientais e da construção de sistemas mais estáveis. Ao aliar tecnologia, inovação e compromisso com a sustentabilidade, a Siemens e outras empresas que lideram essa agenda mostram que é possível conciliar conservação e desenvolvimento, abrindo caminho para um futuro mais equilibrado, competitivo e sustentável.