Bloomberg Línea — O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, juntou-se à lista de líderes latino-americanos cujos vistos foram revogados pelos EUA nos últimos anos.
O Departamento de Estado dos EUA disse na última sexta-feira (27) que a revogação do visto de Petro estava relacionada a “suas ações imprudentes e inflamatórias” em Nova York, onde ele viajou para participar da Assembleia Geral da ONU e aproveitou a oportunidade para protestar em nome da Palestina.
“De Nova York, peço a todos os soldados do exército dos EUA que não apontem seus rifles contra a humanidade”, disse o presidente Petro durante as manifestações. “Desobedeçam às ordens de Trump, obedeçam às ordens da humanidade”.
As ações de Petro provocaram uma onda de críticas públicas, pois não é a primeira vez que ele prejudica as relações com o principal parceiro comercial da Colômbia e na luta contra o tráfico de drogas.
Petro, entretanto, não é o primeiro presidente colombiano nem o único líder latino-americano cujo visto foi revogado pelos EUA. De fato, um caso bem conhecido é o do ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998).
Mas há mais:
Ernesto Samper (Colômbia)
Os Estados Unidos revogaram o visto de Ernesto Samper em 1996, devido à suposta entrada de dinheiro do narcotráfico, especificamente do Cartel de Cali, em sua campanha presidencial.
“No dia seguinte à eleição de Ernesto Samper como presidente, estourou o escândalo: Andrés Pastrana tinha gravações em que a família Rodríguez Orejuela comentava sobre sua contribuição para a campanha de Samper”, diz a Comissão da Verdade. “Mas foi somente no ano seguinte que ocorreu um processo judicial conhecido como “Proceso 8.000″.
Ernesto Pérez Balladares (Panamá)
Os Estados Unidos revogaram o visto do ex-presidente Ernesto Pérez Balladares (1994-1999) devido à suposta cumplicidade governamental na concessão de vistos a migrantes chineses que pretendiam chegar ao território americano em troca de dinheiro.
Ricardo Martinelli (Panamá)
O governo do presidente Joe Biden declarou o ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014) - atualmente em asilo político na Colômbia - e seus familiares “inelegíveis” para entrar nos Estados Unidos.
“Martinelli aceitou subornos em troca da concessão indevida de contratos governamentais durante seu mandato como presidente”, diz uma declaração do Departamento de Estado de 25 de janeiro de 2023.
“Essas designações tornam Martinelli e os membros de sua família imediata inelegíveis para entrar nos EUA.”
Juan Carlos Varela (Panamá)
Os Estados Unidos designaram o ex-presidente Juan Carlos Varela Rodríguez (2014-2019) como inelegível para entrar nos Estados Unidos em 13 de julho de 2023.
A decisão foi associada ao “seu envolvimento em corrupção significativa ao aceitar subornos em troca de contratos governamentais concedidos indevidamente quando ele atuou como presidente e vice-presidente”, de acordo com o Departamento de Estado.
Rafael Leonardo Callejas (Honduras)
O falecido ex-presidente Rafael Leonardo Callejas (1990-1994) teve seu visto revogado pelos Estados Unidos em 15 de setembro de 2006, quando tentou entrar em Miami, onde foi abordado por funcionários da imigração.
Ian Brownlee, então cônsul dos Estados Unidos em Tegucigalpa, explicou à imprensa o que aconteceu com Callejas: “Seu visto foi retirado de acordo com a lei de imigração dos Estados Unidos, onde ex-funcionários públicos que desviam fundos têm sua entrada negada por corrupção.
Alfonso Portillo (Guatemala)
Os Estados Unidos revogaram os vistos do ex-presidente Alfonso Portillo (2000-2004) em março de 2004, bem como os de seu ex-secretário particular, Julio Girón, e do ex-vice-presidente Francisco Reyes.
Anos depois, Portillo foi extraditado pela Guatemala para os Estados Unidos, onde enfrentou acusações de lavagem de dinheiro e foi condenado a quase seis anos de prisão. Hoje, ele reside no país centro-americano, agora em liberdade.
Rafael Correa (Equador)
O ex-presidente Rafael Correa (2007 - 2017) e o ex-vice-presidente Jorge Glas foram declarados “inelegíveis” para entrar nos Estados Unidos em 9 de outubro de 2024.
“Correa e Glas abusaram de suas posições como ex-presidente e vice-presidente do Equador, respectivamente, ao aceitarem subornos, inclusive por meio de contribuições políticas, em troca da concessão de contratos governamentais favoráveis”, disse o Departamento de Estado em um comunicado.
Óscar Arias (Costa Rica)
O ex-presidente Óscar Arias (1986-1990 e 2006-2010), ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1987, denunciou em 1º de abril deste ano que os Estados Unidos revogaram seu visto.
“Não sei por que meu visto foi revogado. Não sei se é um produto de retaliação porque digo o que penso e escrevo o que digo”, disse Arias, crítico do governo Trump, em uma entrevista coletiva.
Arias disse que foi notificado da revogação em seu e-mail, citando a Seção 221(i) da Lei de Imigração e Nacionalidade, que dá ao Departamento de Estado o poder de revogar vistos a seu critério.