BlackRock quer expandir serviço de consultoria no Brasil. E começa com o Paraná

Maior gestora do mundo assinou acordo com governo estadual, que pretende lançar um fundo soberano para atrair investidor estrangeiro e melhorar a gestão dos recursos em caixa, contou o Country Manager, Bruno Barino, a jornalistas

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Bloomberg Línea — A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, quer expandir suas operações no Brasil para além do core business e reforçar a divisão de consultoria financeira no país.

A Consultoria de Mercados Financeiros (FMA, na sigla em inglês para Financial Markets Advisory) foi criada pela BlackRock após a crise financeira global de 2008, para auxiliar entidades governamentais e instituições financeiras em meio ao turbilhão global na economia e nos mercados de capitais.

De lá para cá, se tornou referência global em assessoria financeira e um importante ativo de soft power para a BlackRock, que têm grandes instituições públicas e privadas como clientes. A gestora tinha US$ 12,5 trilhões em ativos sob gestão no mundo em junho deste ano.

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Entre ele, estão o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que contratou os serviços para estabilizar o mercado de títulos no pós-pandemia, e o governo da Ucrânia, que em 2022 assinou um memorando para buscar investidores dispostos a financiar a reconstrução do país ante a guerra com a Rússia.

No Brasil, os serviços da FMA são prestados especialmente para investidores institucionais, mas a ambição é expandir para entidades governamentais.

Uma oportunidade surgiu com o governo do Paraná, que buscava desde o início do ano um parceiro do mercado financeiro para orientar sobre a criação de um fundo soberano.

Após cinco meses de negociações, o governo do Paraná e a gestora assinaram uma carta de intenção que formaliza a parceria.

Agora começa uma fase de estudo para entender as demandas de financiamento do estado e como alcançá-las com instrumentos financeiros.

A BlackRock irá mapear qual o perfil de investidor mais interessado em cada tipo de iniciativa e quais os veículos de investimento mais adequados para esse investimento, além de balizar as características do futuro produto, como nível de risco, horizonte de retorno, tíquete mínimo e estratégia do fundo.

A partir dos resultados desse projeto, a gestora pretende expandir os serviços de consultoria para outros governos no Brasil.

“A expansão é o foco. É uma solução que vendemos globalmente, e uma das nossas missões é efetivamente ajudar o desenvolvimento dos mercados onde operamos. Portanto com certeza é uma das nossas possibilidades”, afirmou Bruno Barino, Country Manager da BlackRock no Brasil, em entrevista à jornalistas.

O estado do Paraná, liderado pelo governador Ratinho Junior (PSD), espera que o fundo ajude a reforçar a sustentabilidade da “máquina pública” e seja ainda uma fonte de reserva para desastres naturais ou crises econômicas.

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A atração de investimentos seria também uma forma de o governo paranaense buscar novas formas de captação diante das mudanças impostas pela reforma tributária, que busca eliminar a “guerra fiscal” entre estados brasileiros que concede benefícios fiscais para atrair investimentos privados.

O secretário de finanças do governo do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, destacou na mesma entrevista que a ambição é lançar o fundo soberano do estado ainda em 2025.

“Temos mais de R$ 34 bilhões em caixa livre. Com esses recursos, posso ser mais ou menos ousado na construção desse futuro fundo; é uma questão de apetite e de estruturação. A BlackRock irá nos ajudar a conceber as melhores estratégias”, disse.

“Vamos transformar o nosso Tesouro estadual de simplesmente recebedor e pagador para que se torne um Tesouro estratégico”, disse.

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