Jamie Dimon reitera risco de recessão global com impacto prolongado das tarifas

‘Esperamos evitá-la, mas eu não a tiraria da mesa neste momento’, disse o CEO do JPMorgan em entrevista à Bloomberg Television em evento global do banco em Paris

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Bloomberg — A recessão continua sendo uma possibilidade, já que as consequências das tarifas continuam a afetar as economias globais, de acordo com o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon.

“Esperamos evitá-la, mas eu não a tiraria da mesa neste momento”, disse Dimon em uma entrevista à Bloomberg Television nesta quinta-feira (15), durante a Conferência Anual de Mercados Globais do JPMorgan em Paris.

“Se houver uma recessão, não sei qual seria o tamanho dela ou quanto tempo duraria.”

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As políticas tarifárias do governo Trump têm sacudido os mercados há mais de um mês, e Dimon disse que alguns clientes estão retendo seus investimentos por causa de toda a volatilidade.

No início desta semana, os EUA e a China concordaram em reduzir temporariamente as tarifas sobre os produtos um do outro por 90 dias, enquanto as duas maiores economias do mundo trabalham para chegar a um acordo de longo prazo.

Dimon disse que espera que o recente abrandamento das tensões entre os EUA e a China seja duradouro. “Acho que é a coisa certa a fazer: é recuar em algumas dessas coisas”, disse ele. “Ter uma conversa envolvente.”

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O anúncio de Trump no “Dia da Liberação”, em 2 de abril, de tarifas sobre dezenas de países fez com que os mercados caíssem expressivamente, e, dias depois, ele anunciou uma pausa de 90 dias para elaborar acordos.

Dimon pediu repetidamente que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, liderasse as negociações e, em sua carta anual aos acionistas no mês passado, pediu uma solução rápida para as incertezas.

Dimon disse na entrevista que a volatilidade continuou recentemente e, como resultado, o volume de negociações do JPMorgan permaneceu elevado. “Você já viu exemplos de boa e má volatilidade”, disse ele. “Esta foi boa. Na próxima vez, pode não ser tão boa.”

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O CEO de 69 anos disse que algumas das consequências da turbulência tarifária poderiam ser um declínio nos investimentos transferidos para os EUA.

“Haverá um pouco disso”, disse ele. “Nós irritamos muitas pessoas. Eu as encontro e elas dizem que, você sabe, elas não estão comprando nosso bourbon do Kentucky.”

Isso não significa que o impacto será amplamente sentido, de acordo com Dimon.

“Os Estados Unidos são um destino ruim para investimentos? Não. Se você pegasse todo o seu dinheiro e o colocasse em um único país, ele ainda seria os Estados Unidos.”

Os operadores de ações do JPMorgan obtiveram uma receita recorde no primeiro trimestre, ligada aos movimentos caóticos do mercado, e isso foi antes das tarifas de 2 de abril e da pausa subsequente.

Os analistas esperam que a receita total de negociações do maior banco dos EUA suba novamente no segundo trimestre em relação ao ano anterior.

Na ampla entrevista, Dimon também disse estar animado com a perspectiva de negociações entre a UE e o Reino Unido. “Eles têm a chance de realmente desenvolver um ótimo relacionamento, compensando parcialmente o desastre que o Brexit se tornou”, disse ele.

--Com a colaboração de Francine Lacqua.

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