Braços robotizados amarelos em uma fábrica da Kia Motors
Tempo de leitura: 3 minutos

Bloomberg Opinion — As exportações sul-coreanas sofreram um baque em 2023, em queda pela terceira vez em cinco anos com a desaceleração da economia global.

No entanto foi o esquecido setor automotivo do país que amenizou a crise e fez com que o comércio exterior para os Estados Unidos ficasse a um passo de ultrapassar o que o país asiático tem com a China. Como a demanda por veículos elétricos continua a crescer, espera-se que esse relacionamento entre aliados de longa data se aprofunde.

Há muito tempo, os semicondutores são um dos pilares da economia da Coreia do Sul, mas grande parte deles é enviada para a China e o Sudeste Asiático, onde são inseridos em dispositivos eletrônicos, de smartphones a computadores, e depois enviados de volta ao exterior para clientes finais em todo o mundo.

Esse fluxo de componentes sofreu uma queda no ano passado, e as vendas de chips no exterior caíram 24%. Carros e maquinário estão ajudando a preencher a lacuna.

PUBLICIDADE
LEIA +
Tesla está prestes a perder a liderança mundial em carros elétricos para a BYD

A queda de 20% no total de exportações para a China, maior destino dos produtos sul-coreanos, foi compensada por um aumento de 31% nas vendas de automóveis no exterior.

A demanda por veículos elétricos e utilitários esportivos de alto desempenho foi o principal impulsionador de um aumento de 5,4% nas exportações para os EUA.

Em suma, os EUA estão rapidamente alcançando a China como destino de produtos sul-coreanos, conforme a forte demanda por SUVs de alto desempenho e veículos de energia limpa impulsionam o comércio sul-coreano.

PUBLICIDADE

Mas o que está acontecendo vai além dos números. Uma possível recuperação da economia global este ano, incluindo um aumento no setor de chips de memória, sugere que as exportações sul-coreanas para a China retomarão sua trajetória ascendente, enquanto a fraqueza nos veículos elétricos pode prejudicar o comércio com os EUA. Mas isso é no curto prazo.

No longo prazo, a demanda dos EUA por veículos de energia limpa é uma tendência que só pode ser desacelerada, mas não interrompida, por ventos contrários temporários, como o aumento das taxas de juros e ajustes nos subsídios governamentais.

LEIA +
Depois de Nadal e Brady, Marcelo Claure vira sócio de equipe de barcos elétricos

Um coadjuvante na recuperação das exportações do país asiático será o maquinário. As vendas sul-coreanas para os Estados Unidos de equipamentos usados na fabricação aumentaram 25% no ano passado. É provável que esse crescimento continue à medida que Washington implementar políticas – incluindo aumento de tarifas e incentivos – para que mais produtos como aço, usinas de energia renovável e carros sejam fabricados nos EUA.

As montadoras americanas não serão responsáveis por todo o crescente bolo de veículos elétricos. Da mesma forma, as tensões geopolíticas significam que os fabricantes chineses, como a BYD (BYD), provavelmente não conseguirão se firmar muito nos EUA se tentarem entrar no mercado, em parte porque já estão sujeitos a uma tarifa de importação de cerca de 25%.

PUBLICIDADE

As novas regras sobre créditos fiscais para veículos elétricos diminuem ainda mais a competitividade dos modelos que são total ou parcialmente fornecidos pela China.

Gráficodfd

Isso deixa os europeus, japoneses e sul-coreanos para preencher a lacuna. Nos veículos tradicionais, o Japão é o líder destacado.

A Toyota e a Honda permanecem como players dominantes ao lado das empresas locais Ford (F) e General Motors (GM) Mas eles não têm uma posição forte em EVs – todos estão tentando alcançar a Tesla (TSLA).

PUBLICIDADE

A Hyundai e a Kia estão aproveitando a oportunidade. As vendas de veículos elétricos sul-coreanos para os EUA aumentaram 60% no ano passado, de acordo com dados do Ministério do Comércio, Indústria e Energia da Coreia do Sul, e quintuplicaram em relação aos números registrados em 2021.

Os Estados Unidos também se apoiarão na Coreia do Sul para obter baterias, maquinário e peças automotivas, à medida que Washington impulsiona novas políticas destinadas a garantir que uma parcela maior de carros movidos a novas energias seja fabricada em solo nacional.

Por mais de 70 anos, Seul e Washington têm sido aliados militares e políticos próximos. Na próxima década, o comércio começará a se tornar uma parte igualmente importante do relacionamento.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Tim Culpan é colunista da Bloomberg Opinion e cobre a área de tecnologia na Ásia. Anteriormente cobriu tecnologia para a Bloomberg News.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Transição energética precisa de mais pessoas, diz chairman da Schneider Electric

Com Reag como sócia, Roberto Justus aposta em casas de luxo como seu maior negócio