Mulheres continuam a ser preteridas em promoções, aponta nova pesquisa

Pesquisa da LeanIn.Org com a McKinsey com base em dados de 276 empresas nos EUA e no Canadá indicou que mulheres recebem menos orientação e apoio do que os homens

Novos dados revelam o tamanho da desigualdade de gênero e raça nas empresas (Foto: Jason Alden/Bloomberg)
Por Ella Ceron - Emily Chang
05 de Outubro, 2023 | 06:40 PM

Bloomberg — As mulheres querem ser líderes no local de trabalho, mas os empregadores ainda as deixam de lado em favor de seus colegas homens.

Para cada cem homens promovidos a um cargo de gerência em 2022, apenas 87 mulheres receberam o mesmo impulso para a carreira, de acordo com o relatório “Women in the Workplace” da LeanIn.Org de Sheryl Sandberg, ex-COO do Facebook, atual Meta Platforms (META), e da McKinsey.

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Foi um ligeiro aumento em relação às 86 em 2021, mas elas ainda estão sendo negligenciadas, apesar de pedirem promoções na mesma proporção que os homens, segundo a pesquisa.

Um dos motivos para essa diferença é a forma como homens e mulheres tendem a receber suas promoções. “Promovemos os homens com base no potencial, enquanto as mulheres precisam já ter provado isso a você”, disse Sandberg em uma entrevista. “Não dá para provar que pode ser um gerente até que seja um gerente.”

Os números são ainda piores para as mulheres negras, que estão sendo promovidas no ritmo mais lento em pelo menos cinco anos em comparação com os homens. No ano passado, apenas 54 mulheres negras foram promovidas para cada 100 homens, ante 96 em 2021, de acordo com o relatório, que começou a monitorar a raça dos entrevistados em 2018.

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O número agora está mais próximo dos 58 vistos em 2018 e 2019, antes que os protestos do movimento Black Lives Matter levassem grande parte das empresas americanas a prometer contratar mais pessoas não brancas.

Gráfico

O relatório, baseado em pesquisas de 276 empresas nos Estados Unidos e no Canadá e incluindo uma pesquisa com mais de 27.000 funcionários de 33 empresas, constatou que os homens também se beneficiaram desproporcionalmente do trabalho presencial em comparação com as mulheres.

“Os homens relatam que, quando trabalham presencialmente, recebem mais orientação e apoio do que as mulheres. Eles se sentem mais ‘informados’”, disse Rachel Thomas, cofundadora e CEO da LeanIn.Org.

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Se isso já acontece quando todos estão no escritório, o desafio será garantir que não aconteça em uma escala ainda mais ampla em um ambiente de trabalho híbrido.

Thomas sugeriu que as empresas precisam treinar melhor os gestores para avaliar os funcionários em horários flexíveis e que as avaliações de desempenho precisam ser reformuladas para enfatizar os resultados, e não quando e onde o trabalho é desempenhado.

“A percepção de que são as mulheres que são preguiçosas, que estão descontentes, que são as mulheres que estão exigindo flexibilidade, e não como essa flexibilidade pode alimentar a ambição, é realmente lamentável”, disse Sandberg.

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O relatório constatou que as mulheres estão mais ambiciosas do que antes da pandemia, com cerca de 80% dizendo que gostariam de uma promoção, em comparação com 70% em 2019.

-- Com a colaboração de Kelsey Butler.

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