S&P rebaixa risco de crédito do SoftBank à categoria ‘junk’ e empresa critica

Segundo a agência de rating, o risco cresceu devido à venda de ativos públicos, como o Alibaba, e à maior exposição a startups com valuations mais voláteis

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Bloomberg — O SoftBank (SFTBY) repreendeu a decisão da S&P Global Ratings de cortar sua classificação de crédito de longo prazo em mais um nível, situando-a em território “junk”. A empresa de investimentos com sede em Tóquio argumentou que a agência de classificação de risco falhou em analisar com precisão suas circunstâncias e disse que a captação de recursos por meio da venda de ativos como ações do Alibaba é claramente melhor para a estabilidade de seu balanço.

A agência rebaixou a classificação da empresa de BB+ para BB. A medida foi justificada pela exposição do conglomerado tecnológico japonês a avaliações do mercado privado e outros fatores de risco externos. Segundo a agência de rating, os riscos de crédito da SoftBank estão aumentando porque a empresa está vendendo ativos públicos, como o Alibaba (BABA), e aumentando sua exposição a startups com avaliações (valuations) mais voláteis.

Essa não é a primeira vez que o SoftBank entra em conflito com empresas de classificação de crédito. Também está em desacordo com o Moody’s Investors Service há anos, ao qual não fornece informações desde março de 2020. “Temos respeito pela S&P”, disse o diretor-financeiro Yoshimitsu Goto. “É lamentável que eles tenham chegado a uma conclusão tão irracional.”

As ações do SoftBank caíram até 2,3% em Tóquio, enquanto seus swaps de inadimplência de crédito - o custo do seguro da dívida da instituição - registraram seu maior ganho em cerca de um mês.

“O risco de ativos no portfólio de investimentos do SoftBank Group Corp está aumentando mais do que supúnhamos; é provável que sua liquidez e qualidade de crédito permaneçam materialmente enfraquecidas durante o próximo ano”, escreveu a S&P em seu relatório.

“Durante o ano passado, nossa rigorosa gestão financeira defensiva fortaleceu nossa posição financeira como nunca antes”, disse o Softbank em um comunicado. “É extremamente lamentável que nossa solidez financeira não tenha sido avaliada adequadamente, e continuaremos nosso diálogo com a S&P.”

Em uma entrevista após a decisão da agência de rating, o diretor-financeiro Yoshimitsu Goto disse que o rebaixamento não afetará os custos de empréstimos do SoftBank ou a forma como administra seu balanço patrimonial. Dada sua ampla reserva de caixa, de mais de 5 trilhões de ienes, a empresa não precisará emitir novos títulos por algum tempo, afirmou Goto.

O SoftBank ainda terá que refinanciar os títulos vendidos a investidores de varejo, no valor de cerca de 350 bilhões de ienes, que vencem durante o trimestre de março do próximo ano, de acordo com Goto. Somente o tempo dirá em que nível os rendimentos serão negociados nessas alturas, mas o cupom de juros do SoftBank para os títulos vendidos a pessoas físicas está vinculado às classificações da Japan Credit Rating Agency Ltd., e não às classificações da S&P, explicou.

Se o SoftBank observar uma demanda menor por seus títulos, disse Goto à Bloomberg News em uma chamada de vídeo, “sempre poderemos ajustar o cronograma das novas emissões”.

- Com a colaboração de Finbarr Flynn

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