Sinais de acordo sobre dívida nos EUA sustentam ganhos em futuros no Japão

Investidores na Ásia também são influenciados por dados que mostram perda de dinamismo da economia da China na saída da política de Covid zero

Prédio da Bolsa de Tóquio: principal índice de ações caminha para melhor semana desde outubro do ano passado
Por Rob Verdonck
18 de Maio, 2023 | 08:22 PM

Bloomberg — As ações na Ásia estão encaminhadas para uma abertura mista nesta manhã de sexta-feira (19), com o otimismo de que os EUA serão capazes de evitar o primeiro calote de sua história. Por outro lado, há evidências de que a atividade econômica da China está perdendo força.

Os contratos futuros para ações japonesas avançaram 1%, colocando-os no caminho para sua melhor semana desde outubro do ano passado, depois que o S&P 500 atingiu a máxima de nove meses com sinais de que os legisladores americanos estão progredindo nas negociações sobre o teto da dívida.

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O índice de referência da Austrália deve obter um ganho estreito, enquanto o de Hong Kong deve cair cerca de 1% depois que as vendas do Alibaba Group foram consideradas decepcionantes, aumentando os sinais de que a recuperação pós-Covid da China está mais fraca.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram na quinta-feira (18) devido à especulação de que o Federal Reserve precisará manter as taxas de juros mais altas por mais tempo, já que a inflação permanece elevada, enquanto um indicador da Bloomberg do dólar teve o maior avanço em dois meses.

Ações de tecnologia lideraram o rali nos EUA na quinta, com o Nasdaq 100 ganhando 1,51%, o maior nível desde abril de 2022, enquanto o “índice do medo” de Wall Street, o Cboe Volatility Index, caiu.

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Volatilidade

O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, planejam votações nos próximos dias em um acordo bipartidário para evitar um calote da dívida dos EUA.

As ações reduziram brevemente os ganhos na quinta, no entanto, depois que um importante aliado de McCarthy, o presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Patrick McHenry, moderou as expectativas de um acordo rápido, dizendo que os dois lados “não estão perto de terminar”.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse aos principais executivos do banco que o fracasso em aumentar o teto da dívida seria “catastrófico” para o sistema financeiro, reiterando que o assunto deve ser tratado sem demora.

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Na Ásia, o iene atingiu seu ponto mais fraco neste ano em relação ao dólar, em meio à especulação de que o Banco do Japão - o equivalente do banco central - fará um ajuste antecipado em sua política de controle da curva de rendimentos. Os volumes de ações chinesas no continente e em Hong Kong estão diminuindo à medida que o foco retorna à economia de novo sem brilho do país.

Isso afetou os preços de commodities, com o Bloomberg Commodity Index encaminhado para uma quinta queda semanal, a mais longa sequência desde setembro passado. O petróleo, porém, se beneficiou de parte do sentimento de risco, rumo a seu primeiro avanço semanal em mais de um mês.

Enquanto isso, os traders aumentaram as apostas em um novo aumento do banco central em junho para cerca de 40% de probabilidade, depois que a presidente do Fed Bank de Dallas, Lorie Logan, disse que a tese para uma pausa no próximo mês não está claro. Em comentários contrastantes, o integrante do banco central americano Philip Jefferson defendeu um tom dovish, de paciência.

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O rendimento dos títulos do Tesouro americano de dois anos, que são mais sensíveis a movimentos iminentes do Fed, aproximou-se de 4,3%. O dólar fechou na maior alta desde março, com ganhos contra todos os seus pares do mercado desenvolvido.

O Fed está “em uma situação realmente difícil”, disse Katerina Simonetti, do Morgan Stanley Private Wealth Management, à Bloomberg Television. “A grande decisão para eles é o timing, porque assim que anunciarem que terminaram de aumentar as taxas, os mercados vão presumir que foram bem-sucedidos [em controlar a inflação e suas expectativas]. E pode não ser necessariamente o caso. A inflação até agora está provando ser resistente.”

Cerca de US$ 1,7 trilhão em contratos de derivativos vinculados a ações e índices estão programados para expirar nesta sexta, de acordo com dados compilados pelo estrategista do Goldman Sachs John Marshall.

O evento mensal conhecido como OpEx normalmente obriga os traders a rolar posições existentes ou iniciar novas. Isso geralmente envolve ajustes de portfólio que levam a um aumento no volume de negócios e a oscilações repentinas de preços.

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