Como as petrolíferas alcançaram lucros do tempo em que o barril custava o dobro

Resultados de gigantes como Exxon e Chevron são comparáveis aos de 2008, quando o preço da commodity estava na casa de US$ 145. Entenda as razões

Petróleo
Por Kevin Crowley
28 de Abril, 2023 | 03:51 PM

Bloomberg — A Exxon Mobil (XOM) e a Chevron (CVX) estão registrando lucros nunca vistos desde que o petróleo atingiu US$ 145 o barril em 2008 – quase o dobro da cotação atual.

Resultados sólidos nos últimos quatro trimestres ressaltam como as companhias se colocaram em uma forma financeira robusta em resposta aos colapsos consecutivos do mercado de petróleo, cortando custos e simplificando portfólios.

Agora, amplos fluxos de caixa significam que os acionistas têm poucos motivos para se preocupar com a inviolabilidade dos dividendos – mesmo com os preços do petróleo caindo em torno de US$ 78.

A Exxon divulgou nesta sexta-feira (28) seu melhor início de ano com lucro líquido de US$ 11,4 bilhões no primeiro trimestre, depois que a produção de petróleo disparou em novos poços nos Estados Unidos e na costa da América do Sul.

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O lucro da Chevron aumentou ligeiramente para US$ 6,6 bilhões, uma vez que os lucros do refino de petróleo se recuperaram em meio à crescente demanda por combustível.

Os investidores, no entanto, pareciam indiferentes aos resultados. A produção da Chevron na Bacia Permiana do Texas e Novo México caiu. E nenhuma das empresas aumentou a quantidade de dinheiro que planeja devolver aos acionistas. As ações da Exxon subiam 1,6% em Nova York por volta das 15h30 (horário de Brasília), enquanto as da Chevron subiam 0,74%.

Ambas as empresas registraram grandes lucros por quatro trimestres consecutivos, mesmo com os preços internacionais do petróleo caindo mais de 35% em relação ao pico do ano passado.

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A Exxon faturou mais de US$ 10 bilhões por trimestre durante esse período, enquanto a média da Chevron ficou próxima de US$ 9 bilhões – algo que nenhuma das duas empresas fez desde pelo menos 2008, quando o petróleo atingiu US$ 147,50.

Os resultados “refletem as mudanças que fizemos”, disse o CEO da Exxon, Darren Woods, durante entrevista à CNBC nesta sexta.

Os ganhos ajustados da Exxon de US$ 2,83 por ação foram 20 centavos de dólares a mais do que o consenso da Bloomberg. A Chevron também superou as expectativas com US$ 3,55 em lucro ajustado por ação.

A Exxon disse que sua relação dívida líquida sobre o capital encolheu para 4% no final do período, em grande parte graças à uma pilha de caixa de quase US$ 33 bilhões.

A empresa buscou enriquecer os investidores por meio de dividendos e recompras de ações, e a Exxon é a ação de energia com melhor desempenho no índice S&P 500 este ano.

A produção da Exxon na costa da Guiana e na Bacia Permiana dos EUA aumentou 40% em uma base combinada em relação ao ano anterior, observou a diretora financeira Kathy Mikells.

Quanto à Chevron, a frota mundial de refinarias da empresa faturou US$ 1,8 bilhão durante o período, um aumento de cinco vezes em relação ao primeiro trimestre de 2022.

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A Chevron prometeu manter os pagamentos aos investidores, mesmo enfrentando pressão para financiar novos projetos importantes para expandir a produção.

Os executivos foram forçados a redesenhar os planos de desenvolvimento na Bacia do Permiano depois que os poços agrupados muito próximos prejudicaram a produtividade.

-- Com a colaboração de Mitchell Ferman

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