Fleury amplia sinergias com Pardini para até R$ 220 mi e sinaliza receita extra

Conclusão do negócio após aprovação do Cade dá início à integração, que prevê sinergias 25% acima do inicialmente estimado com base majoritariamente em redução de custos

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Bloomberg Línea — A consolidação do setor de saúde, um dos mais aquecidos da economia mesmo com a atividade macro em desaceleração, acaba de dar origem a um de seus maiores players com a conclusão da aquisição do Grupo Pardini pelo Fleury (FLRY3), em negócio anunciado em junho de 2022 e avaliado à época em R$ 2,5 bilhões. A operação foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na última semana sem a imposição de medidas adicionais.

O novo grupo com as duas empresas passa a contar com receitas brutas combinadas de R$ 7,1 bilhões, Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) de R$ 1,6 bilhão, 520 unidades e 20 mil colaboradores, além de marcas nos três segmentos de público: premium, intermediário e básico.

As sinergias previstas foram revisadas para cima em cerca de 25% em relação ao anunciado por ocasião do anúncio do negócio, chegando a um valor entre R$ 200 milhões e R$ 220 milhões em Ebitda a mais ao ano. Foram seis meses de trabalho em oito frentes de trabalho, envolvendo cerca de 70 profissionais, para o mapeamento, segundo a empresa.

Desse montante, cerca de 90% virá de redução de custos e despesas, segundo a empresa. E a previsão é capturar 95% das sinergias até o fim do terceiro ano de operação conjunta, em 2026.

Na avaliação dos analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Marquezine e Felipe Amancio, do Itaú BBA, 40% das sinergias devem vir nos primeiros 12 meses. Eles mantiveram a recomendação outperform (acima da média) para a ação, com preço-alvo em R$ 19,00. A ação fechou nesta segunda a R$ 14,54.

Ao concentrar os cálculos de sinergias na frente de custos, o Fleury buscou endereçar uma execução que está em suas mãos. Mas os ganhos devem ser ampliados também na frente do crescimento a partir do aumento da competitividade das duas operações - do Fleury e do Pardini - e da oferta de soluções para os clientes tanto no B2C como no B2B, áreas em que cada um é mais forte, respectivamente.

“O negócio reforça a nossa ambição de nos tornarmos uma empresa líder do mercado de saúde no Brasil, algo que já temos construído nos últimos anos com a integração da jornada de cuidados e de soluções de prevenção e cuidado ambulatorial, junto com uma plataforma digital”, disse Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, em entrevista à Bloomberg Línea.

“A combinação de negócios traz mais uma avenida de crescimento, que é a medicina diagnóstica B2B, em que o Pardini é referência com mais de 7.000 laboratórios como clientes”, disse a executiva.

O Fleury ingressa, por exemplo, nos estados de Minas Gerais, Goiás e Pará com os laboratórios das marcas Pardini, Padrão e Paulo Azevedo, respectivamente.

“Com a combinação dos negócios, as empresas aumentam a sua competitividade, principalmente no B2B. Temos marcas e áreas técnicas que podem contribuir para o processamento, a rapidez e a eficiência de forma local. Os laboratórios competem entre si muitas vezes por prazo e isso interfere na escolha do cliente no B2B”, disse Roberto Santoro, então CEO do Grupo Pardini que vai assumir a presidência da unidade de negócios Lab-to-Lab do Fleury, além de Suporte a Operações, à Bloomberg Línea.

Segundo os executivos, o Pardini já possui uma plataforma de integração entre os laboratórios que são clientes chamada MyPardini. “Agora passamos a oferecer todo o portfólio da marca Fleury para esses laboratórios. É um ganha-ganha muito interessante em oportunidades”, disse Tsutsui em referência ao potencial de cross sell (venda cruzada) de soluções para as duas operações agora integradas.

“Fomos um pouco mais conservadores nas estimativas de ganhos de receitas porque focamos em custos e despesas, que estão em nossas mãos. Mas ao longo do tempo vemos oportunidades de ganhos de receita e de aumento de produtividade de modo geral”, afirmou a executiva.

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