Buffett dobra a aposta nas tradings do Japão depois de ganho de US$ 4,5 bilhões

Bilionário investidor amplia participação nos grandes conglomerados do país asiático de 5% para 7,4% e diz que está à procura de novos ativos para comprar localmente

Warren Buffett tem ganhos de US$ 4,5 bilhões com suas apostas nas tradings do Japão no começo da pandemia
Por Aya Wagatsuma - Finbarr Flynn
11 de Abril, 2023 | 08:56 AM

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Bloomberg — Warren Buffett está voltando seu foco para o Japão, com o investidor bilionário dizendo ao jornal local Nikkei que pensa em aumentar seus investimentos em ações no país logo após a sua holding Berkshire Hathaway ter dado início a uma venda de títulos em ienes.

As ações das principais tradings do Japão saltaram depois que Buffett disse que aumentou suas participações nelas para 7,4%, de um patamar anterior de cerca de 5% em 2020, e que procura aumentar sua exposição aos ativos do país, de acordo com o principal jornal japonês de economia.

Segundo cálculos da Bloomberg News, Buffett acumula ganhos de US$ 4,5 bilhões com suas posições nas tradings japonesas desde que revelou um investimento inicial de US$ 5 bilhões em agosto de 2020, depois ampliado em mais US$ 2,4 bilhões. Essas posições valem atualmente US$ 13 bilhões.

Buffett, de 92 anos, está atualmente no Japão e planeja se encontrar com diferentes líderes de empresas e “apenas ter uma discussão sobre seus negócios e enfatizar nosso apoio”, disse ele ao Nikkei, sem citar as empresas.

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Na entrevista, Buffett comparou as cinco grandes tradings do Japão com a Berkshire e disse que faria negócios com elas.

“Adoraríamos se alguma das cinco viesse até nós e dissesse: ‘Estamos pensando em fazer algo muito grande ou estamos prestes a comprar algo e gostaríamos de um parceiro ou algo assim’”, disse ele, de acordo com o Nikkei.

Ele então acrescentou que, embora não tenha participação em outras grandes empresas japonesas, “sempre penso em algumas”, segundo a entrevista.

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O interesse de Buffett é “um lembrete de que existem oportunidades de investimento atraentes e com bons preços no Japão”, disse Lorraine Tan, diretora de pesquisa de ações da Morningstar Asia. “Dado o que sabemos ser suas preferências, ele estaria procurando mpresas bem administradas que desfrutam de fundamentos econômicos que ele considera subvalorizados.”

Funcionários da Berkshire não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre a matéria do Nikkei.

As tradings do Japão – conhecidas localmente “sogo shosha” – têm raízes profundas na economia do país, com história de centenas de anos e uma atuação abrangente, desde energia até alimentos.

Valorização das ações das 5 tradings japonesas investidas de Buffett vai de 15% a mais de 30% em 12 mesesdfd

Ações de valor na mira

As ações da Mitsubishi, a maior das tradings do Japão, subiram 3%, a maior alta desde 1º de março. A Mitsui & Co. subiu 3,7%, enquanto Marubeni, Sumitomo e Itochu fecharam com ganhos também. O índice Topix do Japão ampliou os ganhos após a divulgação dos planos de Buffett.

As observações de Buffett “podem encorajar estrangeiros a investir em ações japonesas, especialmente em ações de valor”, Hiroshi Namioka, estrategista-chefe da T&D Asset Management.

Investidores estrangeiros venderam ações e futuros japoneses na Bolsa de Valores de Tóquio nas últimas três semanas após a crise bancária internacional em março, embora continuem sendo compradores líquidos até agora neste ano.

Nos últimos 12 meses, o índice MSCI Asia Pacific que exclui o Japão caiu 8,6%, em comparação com uma queda de 0,8% no Topix mais amplo na comparação em dólares.

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Não está claro quanto tempo durará o impulso do mercado com as declarações de Buffett ao Nikkei.

“Os investimentos de Buffett há alguns anos não aqueceram muito o mercado no curto prazo, a não ser para as ações que ele escolheu ou outras muito parecidas, mas acredito que tiveram um efeito moderadamente positivo no médio e longo prazo em relação às percepções estrangeiras do mercado do Japão”, disse John Vail, estrategista-chefe global da Nikko Asset Management, acrescentando que isso também apoiaria o otimismo doméstico.

As tradings no Japão já resultaram em ganhos no ano passado, já que empresas como a Mitsui e a Mitsubishi expandiram os planos do programa de recompra em fevereiro.

Os ganhos também foram impulsionados pelos preços mais altos da energia. As ações da maior da Mitsubishi subiram 14% no ano passado, acima do índice Topix mais amplo, que avançou 5,4%.

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Separadamente, a holding americana Berkshire Hathaway deve precificar seus novos títulos ainda nesta semana. Os recursos da oferta serão usados para fins corporativos gerais, incluindo o refinanciamento de algumas dívidas. A Berkshire já começou a negociar uma venda de títulos em sete tranches, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

A empresa do lendário investidor está oferecendo spreads de crédito mais amplos em tranches no novo acordo do que quando entrou no mercado pela última vez em dezembro, já que a especulação sobre o recuo do BOJ da política de relaxamento monetário elevou os prêmios de rendimento neste ano.

A Berkshire, com sede em Omaha, no estado americano do Nebraska, é uma das maiores emissoras estrangeiras de títulos em ienes, mostram dados compilados pela Bloomberg. A empresa surpreendeu os mercados japoneses em 2020 quando comprou ações de tradings locais depois de vender um dos maiores negócios de títulos em ienes de todos os tempos por uma empresa estrangeira.

Os novos negócios acontecem no momento em que Kazuo Ueda assume o comando do Banco do Japão neste mês. Ueda sinalizou em sua coletiva de imprensa inaugural na segunda-feira (10) que qualquer mudança política significativa pode ser improvável por enquanto.

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- Com a colaboração de Winnie Hsu, Yasutaka Tamura, Katherine Chiglinsky e Hideyuki Sano.

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