Startup Oyo, que reduziu equipe no Brasil em 2021, faz segunda tentativa de IPO

Empresa de hotelaria fundada na Índia apresenta novos documentos para abertura de capital; startup tinha uma joint-venture com o Softbank na América Latina mais encerrou o acordo durante a pandemia

Startup viu seu valuation despencar e reduziu operações por prejuízos causados pela pandemia
Por Saritha Rai
01 de Abril, 2023 | 01:54 PM

Bloomberg — A startup indiana de hotelaria Oyo apresentou novos documentos para uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) na Índia, enfrentando um mercado desafiador para estreias de startups nas bolsas depois que as avaliações de tecnologia caíram. A empresa, que tinha feito uma joint-venture (JV) com o SoftBank Latin America Fund em setembro de 2020, encerrou a parceria com o fundo em fevereiro de 2021, demitindo quase toda sua equipe na América Latina, incluindo no Brasil.

A empresa apresentou seu prospecto de IPO às autoridades indianas, informou a Oyo em um anúncio no jornal Financial Express neste sábado (1º), sem divulgar o valor que busca, nem outros detalhes financeiros ou consultores. Em seu esforço original para abrir o capital em 2021, a Oyo entrou com um pedido para levantar 84,3 bilhões de rúpias (US$ 1 bilhão).

O fundador Ritesh Agarwal, de 29 anos, tem trabalhado para recuperar os hotéis e as operações de hospedagem depois que a pandemia de covid-19 reduziu as viagens internacionais e levou a perdas enormes.

Foram essas perdas causadas pelos fechamentos dos hotéis em 2020 que levaram a Oyo a encerrar o acordo com o fundo do Softbank e reduzir sua operação na América Latina.

PUBLICIDADE

Só na unidade da Oyo na América Latina, o SoftBank tinha investido US$ 75 milhões, conforme reportado pela Reuters. A Oyo não é a única startup bancada pelo SoftBank - e que gerou prejuízos para o grupo - por meio de uma joint-venture. A WeWork, que também falhou em sua primeira tentativa de IPO, hoje opera na América Latina por meio de uma joint-venture com o SoftBank Latin America Fund.

O rival indiano do Airbnb foi avaliado em US$ 10 bilhões em 2019, mas o SoftBank, o maior financiador da empresa, reduziu esse valor para US$ 2,7 bilhões no ano passado.

Segunda tentativa de IPO

O pedido de IPO é a segunda tentativa da Oyo de abrir o capital, depois que o regulador do mercado de ações da Índia levantou vários questionamentos em sua tentativa anterior no final de 2021.

PUBLICIDADE

Desde então, as avaliações de empresas de tecnologia caíram depois que a inflação acelerada e o aumento das taxas de juros deixaram os clientes com menos recursos para gastar e levantou preocupações sobre uma possível recessão.

A empresa tinha como meta uma avaliação de cerca de US$ 9 bilhões no ano passado e atualizou seus documentos de IPO no início de 2022, mas a meta agora pode ser aproximadamente um terço da anterior, informou a Bloomberg News. Espera-se que a avaliação do IPO da Oyo seja finalizada por meio de um processo de bookbuilding próximo à listagem.

Agarwal abandonou a faculdade na adolescência para viajar pelo país e fundou a Oyo, com sede na cidade de Gurgaon, em 2013. Ele idealizou o negócio como uma forma de padronizar a experiência de estadia em um país em desenvolvimento como a Índia, oferecendo roupas de cama premium e produtos de alta qualidade, serviço de internet de alta velocidade sob a bandeira do logotipo Oyo vermelho brilhante da marca.

Agarwal teve que se retirar de certos mercados estrangeiros, como a América Latina, e cortar funcionários durante a pandemia de Covid-19. Ele também se afastou do modelo de negócios pesado em ativos e intensivo em capital e voltou seu foco para a construção de tecnologia como serviço.

--Com assistência de Devidutta Tripathy e PR Sanjai.

-- Com informações da Bloomberg Línea.

Veja mais em Bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também

Marisa: choque para crise com aporte, fechamento de 90 lojas e baixa contábil