Azul e Gol conseguem capital extra, aliviam quadro e ações disparam até 58%

Azul chegou a acordos que representam mais de 90% do passivo de arrendamento de aeronaves, enquanto Gol obteve até US$ 1,4 bilhão com vencimento em 2028

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Bloomberg Línea — As ações de companhias aéreas lideram os ganhos do Ibovespa nesta segunda-feira (6), com investidores reagindo positivamente às notícias de capital extra obtido por Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que estavam entre as empresas mais alavancadas da bolsa brasileira.

As ações da Azul subiam na casa de 44%, e as da Gol, perto de 26%, por volta das 15h. A CVC (CVCB3), maior operadora de turismo do país, pegava carona e subia 17%. No pico intraday, a ação da Azul chegou a avançar 58%.

Nos últimos 12 meses, no entanto, Azul e Gol ainda acumulam queda nas ações da ordem de 50% e 60%, respectivamente, como reflexo das dificuldades financeiras do setor aéreo.

Na sexta-feira à noite (3), a Gol informou ao mercado que obteve um financiamento de até US$ 1,4 bilhão por meio da emissão de senior secured notes de sua holding controladora, a Abra Group. Foi uma colocação privada com investidores da Abra.

Os títulos têm vencimento em março de 2028 e juros de 18%. Foram oferecidos como garantias a propriedade intelectual e a marca da Smiles, o programa de fidelidade da Gol, e também um penhor compartilhado sobre propriedade intelectual, marca e peças sobressalentes da GOL.

“A transação entre a Abra e a Gol representa uma das maiores operações de gestão de passivos e de refinanciamento já concluídas, tanto na indústria aérea como nos mercados emergentes. Essa transação representa também a décima transação de gestão de endividamento ou de captação de recursos que a Gol concluiu desde o início da pandemia da covid-19″, disse a empresa em comunicado.

A relação da dívida líquida da companhia (incluindo arrendamento de 7 x de aeronaves anual e excluindo bônus perpétuo) estava em 9,1 x ao fim do terceiro trimestre. A Gol divulga os resultados do quarto trimestre de 2022 na quarta-feira (8), antes da abertura dos mercados.

A Azul, por sua vez, anunciou ao mercado nesta manhã de segunda-feira (6), junto com os resultados do quarto trimestre, que chegou a acordos com arrendadores de aeronaves que representam mais de 90% do passivo com essas partes.

“Esses acordos representam uma parte significativa de um plano abrangente que visa fortalecer a geração de caixa da Azul, e melhorar a estrutura de capital [...] através de uma combinação de dívida de longo prazo e ações precificadas sobre um balanço patrimonial reestruturado”, disse a companhia em comunicado.

“Os arrendadores representam 80% de nossa dívida bruta nominal [...] Nenhuma aeronave saiu da nossa frota durante essas negociações e, na verdade, nossos parceiros nos entregaram 12 novas aeronaves adicionais nos últimos cinco meses. As negociações continuam com os arrendadores e demais parceiros, como os OEMs [fornecedores de equipamentos], e estamos muito otimistas de que chegaremos a acordos com todos eles”, disse Alex Malfitani, CFO da Azul, também por meio de comunicado.

A alavancagem da Azul medida pela relação da dívida líquida sobre o Ebitda encerrou o ano em 5,7 x, mesmo patamar do terceiro trimestre abaixo das 11,2 x um ano antes, ao fim de 2021.

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